quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Messi marca 3 vezes e ultrapassa 500 gols na carreira


Messi ultrapassa os 500 gols na carreira em goleada do Barcelona

Do UOL, em São Paulo

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Lionel Messi atingiu uma importante marca na goleada do Barcelona sobre o Valencia nesta quarta-feira (3), pela primeira partida da semifinal da Copa do Rei. Com os três gols marcados, o argentino ultrapassou os 500 gols na carreira.
A marca soma todas as partidas oficiais de Messi na carreira, incluindo seleção sub-20, olímpica, profissional e pelo Barcelona. Pelo clube catalão, são 435 gols, além de 14 no time argentino sub-20, dois na olímpica e mais 49 com a camisa profissional da Argentina.
Na partida desta quarta-feira (3), Messi marcou três vezes. O gol de número 500 foi o segundo do jogo contra o Valencia. O Barcelona venceu por confortáveis 7 a 0.
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terça-feira, fevereiro 02, 2016


O laranjal do Guarujá - 

GUILHERME FIUZA 

REVISTA ÉPOCA

A mais honesta de todas as vivas almas anda penando um bocado. O famoso tríplex de Lula que não é de Lula, no Guarujá, entrou na mira da Lava Jato. Sérgio Moro e sua turma são mesmo uns golpistas: por que suspeitar de um entroncamento entre Bancoop, OAS, Vaccari, offshores de operadores do petrolão e Lula? Ou melhor, corrigindo: Lula não tem nada com isso. E as outras almas cheiram a talco. A Operação Triplo X da Polícia Federal só pode ser uma conspiração da direita contra o governo popular — para citar a frase imortal do companheiro Delúbio no mensalão.

As coincidências é que atrapalham a revolução progressista. O tríplex vizinho ao de Lula que não é de Lula pertence a Nelci Warken, acusada de estelionato no escândalo da Bancoop junto com o companheiro João Vaccari. Nelci já está presa pela Operação Triplo X, apontada como laranja do esquema. Ela tem offshores criadas pelo mesmo escritório que constituiu as offshores de operadores do petrolão, como Pedro Barusco, E os investigadores descobriram que outros apartamentos do mesmo conjunto Solaris, no Guarujá, pertencem igualmente a laranjas. O tríplex de Lula que não é de Lula está plantado, desgraçadamente, no meio desse laranjal. E muito azar.

A Lava Jato descobriu que um diretor da OAS foi mobilizado exclusivamente para comprar os armários de R$ 300 mil do tríplex de Lula que não é de Lula. Para uma das maiores empreiteiras do país mobilizar um diretor na missão grandiosa de comprar armários, o cliente deve ser mesmo muito importante. Talvez um xeique árabe ou um desses ditadores bilionários de países miseráveis. Lula é apenas um humilde filho do Brasil, não pode ter sido para ele.

Foi no meio dessa confusão que o ex-presidente e tutor de Dilma Rousseff declarou, para desfazer qualquer dúvida, que não existe uma viva alma mais honesta” que ele. Estão vendo, seus golpistas? Vocês acham que a mais elevada entre as almas honestas aceitaria morar no laranjal do Guarujá? Como essa alma se sentiria em meio àquele entra e sai de picaretas de aluguel? No mínimo, nem se atreveria a descer para um banho de mar com as sandálias da humildade. Vai que você abre a porta do elevador e dá de cara com uma das cunhadas do Vaccari? Ou com a companheira Nelci offshore? As almas puras são vulneráveis às emoções radicais. Para viver enclausurado, melhor ficar em São Bernardo mesmo.

E aí lá vêm as coincidências mórbidas: qual era um dos focos centrais dos mandados de prisão da Operação Triplo X? Justamente São Bernardo. Só pode ser perseguição. Se a polícia está investigando apartamentos no Guarujá, o que foi fazer no ABC, que nem praia tem? Essa elite branca não deixa a classe operária em paz. De tanto procurar, a PF encontrou não só a companheira Nelci Warken, como um rabo do propinoduto ligando a OAS ao doleiro Alberto Youssef, operador do petrolão. Esse dinheiro viajava pela mesma rede de offshores criada para atender prepostos do PT como Renato Duque.

Essa turma boa que a Lava Jato já mostrou estar no guarda-chuva de João Vaccari e José Dirceu (as vivas almas que já foram presas) compõe o presépio do assalto companheiro ao Estado brasileiro — com o qual a mais honesta das almas não tem nada a ver. Lula nem sabe direito quem são esses aloprados. O lobista Milton Pascowitch, por exemplo, que levou Dirceu à prisão com sua delação sobre as propinas da Engevix, acaba de revelar que entregou R$ 10 milhões em espécie ao Diretório Nacional do PT, numa maleta de rodinhas. E R$ 4 milhões em propina na veia da campanha que elegeu Dilma Rousseff em 2010. Se alguém contar ao guardião da suprema honestidade quem é essa tal de Dilma, ele prende e arrebenta.

O Brasil caiu sete posições no ranking da corrupção (infelizmente o 1° colocado é o menos corrupto, senão teria sido uma incrível ascensão). Tudo isso graças a um governo podre que ninguém sabe de quem é, graças a um partido picareta que ninguém sabe a quem obedece, graças a um sistema de pilhagem que brotou do nada numa floresta de almas luminosas como as estrelinhas que carregam no peito.

Não dá para entender por que a elite cultural brasileira não manifesta seu apoio também ao companheiro Zika. Só porque ele não tem um tríplex?



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Sobre aborto / Recomendo > "O humano me satisfaz plenamente; nele encontro tudo até o eterno" / Crônica-ensaio de Reinaldo Azevedo

Reinaldo Azevedo

“O humano me satisfaz plenamente; nele encontro tudo até o eterno”

A frase é do livro “Memórias de Adriano”, de Marguerite Yourcenar. No momento em que a defesa da morte perdeu qualquer solenidade, cumpre atentar para ela

Por: Reinaldo Azevedo 02/02/2016 às 21:44


Ana Carolina Cáceres: essa jovem não é um aborto que alguém deixou de fazer; é o humano na sua inteireza
Ana Carolina Cáceres: essa jovem não é um aborto que alguém deixou de fazer; é o humano na sua inteireza
A Folha trouxe nesta terça-feira o testemunho da jovem Ana Carolina Cáceres, 24 anos, portadora de microcefalia. Ela se formou em jornalismo, tem um blog e sabe tocar violino.
Notem: assim como acho de um oportunismo asqueroso usar os casos de microcefalia provocados pelo vírus Zika para emplacar a pauta do aborto, não pretendo partir para o outro extremo e brandir o exemplo de Ana Carolina como a evidência de que o aborto não é a melhor saída.
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Até porque não quero fazer de Ana Carolina, que parece não apresentar as características da forma mais severa da síndrome, uma espécie de nota de corte: “Ah, mas ela é quase normal! Com ela, tudo bem!”.
Sim, senhores! É de critério de “normalidade” que estamos falando. É nesse ponto que pergunto onde andam todas as minorias militantes quando se trata da escolha entre a vida e a morte. Na era em que todos os papéis normativos, até o limite da sandice, estão em discussão, seremos incapazes de garantir ao humano o direito de existir, com todas as suas falhas, suas precariedades e suas imperfeições?
Nessas horas, sempre aparece alguém para gritar: “Ah, não queira impor a sua religião aos outros…”. Não é de religião que trato aqui. É de gente. Reproduzo um dos mais belos trechos de um romance em muitos aspectos inigualável, que fez um sucesso estrondoso, embora bem poucos o tenham lido de fato. E eu recomendo vivamente que o façam:
“Nossa arte (quero dizer a arte dos gregos) preferiu limitar-se ao homem. Nós, somente nós, soubemos mostrar a força e a agilidade latentes em um corpo imóvel; nós, só nós, transformamos uma fronte lisa no equivalente a um pensamento sábio. Sou como nossos escultores: o humano me satisfaz plenamente; nele encontro tudo até o eterno”.
Essa é a fala do imperador Adriano, ao menos aquele recriado pela estupenda Marguerite Yourcenar no livro “Memórias de Adriano”. Sou católico, como todos sabem. Mas não preciso apelar à essência divina do homem para recomendar que se trate a diversidade da vida com um pouco mais de cuidado, com um pouco mais de vagar, com um pouco mais de respeito.
A agenda do aborto, como se sabe, já existia antes da explosão dos casos de microcefalia. Explorar agora o sofrimento das famílias e das crianças como pretexto para a militância é de uma indignidade assombrosa.
Tal prática não se distingue da dos demagogos, que espetacularizam a sorte dos infelizes em benefício de seus esquemas de poder, pouco lhes importando as pessoas que realmente sofrem.
Os defensores do aborto sosseguem: essa agenda não vai desaparecer. Sempre haverá um falso motivo para fazer da eliminação do feto uma forma de libertação.
Há certamente muita gente insatisfeita com a publicação da história de Ana Carolina. Não deve ser fácil ler um texto escrito por alguém que, segundo suas teorias, deveria ter desaparecido há muito em algum ralo.
Sou, nesse particular, como o Adriano de Yourcenar: “O humano me satisfaz plenamente; nele encontro tudo até o eterno”.

Brasil é um país decadente, que puxa para baixo a própria economia global, e está infestado de 'mosquitos que infectam sua credibilidade" ..


2/02/2016
Resultado de imagem para imagem do japones da federal  às 8:00 \ Opinião

Fernando Gabeira: 

Nem tudo acaba na quarta-feira

Publicado no Globo
O carnaval é o tempo da alegria, em que as pessoas se irmanam no riso. Segundo o teórico russo Mikhail Bakhtin, a alegria popular é uma contrapartida à seriedade e chatice dos ritos oficiais. Acontece entre nós uma certa carnavalização da política. Algo diferente de se fazerem milhares de máscaras do japonês da Federal e sair cantando: vem pra cá, você ganhou uma viagem ao Paraná. Isso é a política no carnaval. Os discursos de Dilma e Lula são o carnaval na política. Ela conseguiu emplacar dois sucessos em 2015: “Saudação à mandioca” e“Estocando o vento”.
Na primeira, Dilma pré-colombiana se entusiasmou com nossas origens indígenas. Na segunda, apenas mencionou um processo real mas que ainda não está consolidado: armazenar o vento nas rochas, como um ar comprimido. O sucesso da “Saudação à mandioca” é o entusiasmo de Dilma que se derrama para o milho. No “Armazenando o vento”, o refrão “daqui pra lá, de lá pra cá” transmite ação, é bastante expressivo para descrever o vento.
Deixando sua fase mais popular, Dilma ficou zangada com as previsões do FMI. “Estou estarrecida”, confessou. Como se nunca tivesse lido uma previsão que falasse do buraco em que caímos, até 2018, no mínimo. Mas estava reservada ao criador da criatura o papel de vocalista do bloco. Lula disse aos seus blogueiros de estimação que não existe no Brasil alma viva mais honesta do que ele. Com todas as reservas sobre a existência da alma, e dúvidas sobre se a de Lula está realmente viva ou é apenas um fantasma fugindo da polícia, esta frase abriu o carnaval de 2016.
Lula disse isso num momento em que está acossado por várias investigações, medida provisória vendida, compra de caças, triplex, sítio, enfim tudo o que aparece nas notícias e mais alguma coisa escondida nos inquéritos ou no fundo da garganta de um potencial delator premiado. Ao se proclamar a mais honesta alma viva do Brasil, Lula optou por um passe de mágica que deve ter maravilhado seus intérpretes oficiais, os blogueiros que levam grana do governo. É como se o protagonista, completamente cercado pela polícia, ficasse invisível, ou voasse como um herói de história em quadrinho: shazam.
Ele decidiu ocupar um lugar no Olimpo. O interessante é que, ao contrário dos deuses que tudo sabem, Lula nunca sabe de nada. É uma figura mitológica que derrota o amante traído na disputa por ser o último a saber. Bakhtin tem uma outra visão da etimologia do carnaval. Ao contrário dos que dizem que é a festa da carne, amparando-se na palavra latina, Bahktin mostra que a raiz germânica indica para a expressão: procissão dos deuses mortos.
O fato de os dirigentes serem carnavalescos não intencionais não teria o poder de atenuar seus erros com um pouco de humor? Sei que muitos vão escrever: onde está a indignação diante de tudo que roubaram? Não há espaço para rir deles. Concordo com a indignação com a roubalheira porque ela representa sofrimento, e no caso da saúde, morte precoce para o povo brasileiro. O fato é que eles estão aí. Sérios ou engraçados, assaltariam o país de qualquer maneira. Um pouco de humor não atrapalha. Como dizia Vinicius de Moraes, a gente trabalha o ano inteiro, por um momento de sonho, para fazer a fantasia de rei, ou de pirata ou da jardineira.
O sonho de carnaval, na canção de Vinicius, acaba na quarta-feira. Mas nesse ponto concordo com Bakhtin: o carnaval é mais longo. Aí está o nó. O Brasil oficial vive o sonho de uma potência emergente, incessante redistribuição de renda, orgulha-se de sair no bloco bolivariano e rejeita quem insiste que já é Quarta-feira de Cinzas. No entanto, é um país decadente, que puxa para baixo a própria economia global, e está infestado de mosquitos do Aedes aegypti real ao tsé-tsé simbólico. Aqueles blocos que saem depois do carnaval são animados, ganham alguns minutos na TV, mas sabem que são efêmeros.
Os blocos oficiais parecem não saber. Não adianta gritar que o carnaval acabou. Eles não ouvem. Se ouvirem, daqui a alguns meses, vão responder como Dilma ao documento do FMI: “estou estarrecida”. Estamos estarrecidos há muito tempo. E não apenas com a situação econômica, mas com a gravidade da crise, com a perda de oportunidades nacionais, com o estado da imagem do Brasil no mundo, enfim essa longa lista de choros.
O carnaval demarca o tempo da alegria, um prazer com tempo para acabar, a finitude como a qualidade do próprio prazer. O bloco do governo não soube brincar. Confundiu festa e trabalho, realidade e fantasia, partido e país, dinheiro público e patrimônio. É um dos blocos que o carnaval popular rejeita. De um modo geral, são os que saem fantasiadas da cadeia, na Quarta-feira de Cinzas.
Mesmo na política carnavalizada, no entanto, nem tudo acaba na quarta-feira. Um japonês sem máscara vai bater o ponto na Federal de Curitiba, os processos correm, as línguas desatam, daqui a pouco, quem sabe, é domingo de Aleluia.