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Notícias de Brasília no Diário do Poder

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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

A Bitwar – A Guerra dos Mundos / Vlady Oliver

Vlady Oliver: 

A Bitwar – A Guerra dos Mundos

A acumulação já era, a opulência, o desperdício e o corporativismo sendo substituídos pela versão mais moderna do seu smartphone

Poucas pessoas se dão conta de que, neste exato momento, a maior batalha travada pela humanidade é a do digital contra o analógico. Quem acha que isto é só um sistema de tevê está muito enganado. É um sistema de governo. Eu diria que um governo analógico todos nós já conhecemos: é aquele em que você elege uma plataforma pronta, que imediatamente se torna a vontade da maioria – as minorias que se danem – e as instituições são chamadas para defender a tralha toda. Se você não gostar do governante, espere até poder eleger outra coisa em seu lugar, quando o pesadelo acabar.
Já o governo digital pleno ainda não existe. Mas ele é ou será, em tese, um compromisso e não uma plataforma. Você pode eleger o cidadão pelo seu smartphone, inscrever-se em chats de discussão dos grandes temas de interesse nacionais e o governo seria um mero administrador plebiscitário da vontade do seu eleitor, conferida numa serie de referendos que seriam conclamados continuamente. Não gostou? Troca de modelo, imediatamente.

Vou mais longe ainda. Faz tempo que o ideal publicitário do cara bem sucedido, com uma casa com gramado verde, piscina e um cachorro grande ladeado por uma mulher bonita e “do lar”, foi substituído por um ser – de sexo indefinido – munido de um bodysuit que lhe permita explorar qualquer ponto do planeta – Marte, inclusive – e um gadget digital que lhe permita uma interação imediata com o resto da humanidade. Romantismo meu? Longe disso. Percebam as implicações envolvidas nessas duas visões do sucesso: A acumulação já era, a opulência, o desperdício e o corporativismo sendo substituídos pela versão mais moderna do seu smartphone, com acesso ilimitado a qualquer tecnologia ou campo de conhecimento. É um novo gênero, o do “homo viajantis”.
Qual jornalista da velha guarda vai sobreviver messiânico à sua própria área de comentários? Qual ética vai sobreviver à janelinha? É bobagem lutar contra isso, meus caros. A vontade do consumo vai se impor e pronto. E até nisso a esquerda foi pernóstica e idiota, fazendo uso desse “progressismo” para o seu projeto de poder marreta. Eles até poderiam ter avançado muito nessa agenda planetária, nesse desejo de consumo, se não tivessem utilizado a coisa como mais uma de suas bandeiras porcas para consumar a roubalheira toda.
Poucos se dão conta de que não saber o que um Trump representa na ordem mundial das coisas pode ser um sintoma dessa digitalização em andamento. Ninguém precisa saber o que Trump representa: nem ele mesmo. Basta que ele tenha a última versão do seu aparelhinho no bolso – e Trump tem grana para comprar o mimo e tempo para aprender a usá-lo – para tornar-se o verdadeiro pesadelo de George Orwell. Nada mais dicotômico para a humanidade que um sistema de controle sem controle algum. Nem dos seus próprios controladores. Um sistema de comando sem comandantes aparentes. Alguém aqui duvida que esse é o caminho? Que esse caminho é inexorável? E que seu filho já faz parte dele? Boas Festas a todos.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

"O problema é que moral é uma coisa muito elástica neste país."

Vlady Oliver: Eu já entendi

Até quando essa gente vai querer jogar com os brios dos outros é que são elas

No meio desse turbilhão de vigarices que vamos presenciando, quem acompanha meus impropérios sabe que estou tentando traçar um horizonte comum em tudo o que estou lendo. Parece que a ficha me caiu hoje. O bom jornalismo que ainda nos resta está dividido entre aqueles que ainda acreditam numa saída deste pântano pela via institucional e quem já não acredita que a pinguela vai resistir por mais tempo. Boas informações de um lado e do outro não faltam. Boas intenções também. O problema é que moral é uma coisa muito elástica neste país.
Muitos aceitam, em troca de um pouco de paz para viver, uma certa tensão institucional e alguns prédios de trinta andares espalhados por onde a vista alcança. Como entender um país nessa crise toda e os caras aprovando mais quase um 1 bilhão de reais de verba partidária? É impressionante como o corporativismo, o compadrio, a imbecilidade reinantes por aqui vão tornando míopes estes senhores parlamentares. Premidos a apresentar à sociedade qualquer saída, a saída que encontram é mais uma tungada no erário. De noite. No final do expediente. Perto de um recesso que é o escárnio da recessão. Aí um juiz acorda, do outro lado dos três Poderes, e toca a dar uma carteirada a mais em nossa democracia, mandando tudo de volta para o fim da fila. Que falta de bom senso, não é mesmo?
É o mínimo que eu posso dizer do que estou vendo. Quem ainda acredita nisso que aí está acaba defendendo as teses governistas. Quem não acredita em mais nada vai jogando pedras em nossa única saída, até aqui. E a pinguela vai caindo. Se posso dar um conselho ao ilustre leitor, diria o seguinte: desconfie de todo idiota que quer a renúncia do presidente Temer, mas se recusa a renunciar junto. É tudo o mesmo balaio, meus caros. Melhor seria que todos pedissem o boné e fossem cuidar dos netinhos, não é mesmo? Como isso não vai acontecer, fica o mimo de um “oposicionista” petralha como Humberto Costa, pedindo a saída dos outros e não dele mesmo.
Até quando essa gente vai querer jogar com os brios dos outros é que são elas. Na Alemanha, embolachar o sujeito que tenta lhe bater a carteira é cívico. É democrático. Tivesse o Lulão as duas orelhas do mesmo lado, de tanto levar piaba nas ideia por meter a mão no dinheiro dos outros, esse tipo de consciência não se criava, meus caros. Como é difícil para o brasileiro entender isso. Ele só entende o berro nas fuças. Que pobreza, coitado.

domingo, 4 de dezembro de 2016

"Quer um Congresso com a metade dos vigaristas que hoje se encontram por lá? Comece a exigir hoje mesmo que eles aceitem um automutilamento"

Vlady Oliver: Cálculos renais

Quer um Congresso com a metade dos vigaristas que hoje se encontram por lá? Comece a exigir hoje mesmo que eles aceitem um automutilamento

Por: Augusto Nunes  
Faço aqui uma afirmação polêmica, mas totalmente baseada em cálculos matemáticos.
A mágica chama-se “estratificação da amostragem”. Que diabo é isso? 
É um diabo que permite responder a seguinte pergunta: quantas pessoas você precisa entrevistar numa pesquisa para identificar uma tendência? Metade da população? Um quarto? Pois cálculos estatísticos precisos mostram que, se a amostra for devidamente estratificada, ou seja, se ela representar fielmente o universo pesquisado, ela pode ser infinitamente menor. Isto mostra por que uma pesquisa com duas mil pessoas representa, com grande precisão, uma população de 200 milhões de habitantes, com margem de erro mínima.
O problema é justamente a contaminação da amostragem, o que vem ocorrendo em todas as últimas pesquisas eleitorais superfaturadas que tivemos por aqui. Mas isto gera uma constatação interessante: nosso Congresso, como tudo que o Brasil vem fazendo ultimamente, peca pelo excesso: 600 políticos tiram a individualidade dos procedimentos, em favor de uma coletividade estúpida. Fica difícil descobrir quem trama com quem, numa votação.
Um terço dessa amostra me parece mais do que suficiente para representar o país dignamente. Algo assim como um político para cada milhão de habitantes, o que faria pouco mais de duzentos políticos tramitando na Câmara. Mais do que suficiente e a metade do que existe hoje em nosso lombo. E com uma cláusula de barreira de origem: só chega ao Congresso quem representa um milhão de pessoas. Simples assim. Adeus, corporativismos.
Eu iria ainda mais longe: sufragaria essa representatividade por regiões populacionais e não por Estados. São Paulo teria direito a mais de 40 representantes, enquanto o Espírito Santo, por exemplo, nos contemplaria com 3 ou 4. Ficou furioso? Mas essa é a representatividade matemática do nosso país, meus caros. Durma-se com ela e ponto. Já o caso do “Senador do Desempate” é outro absurdo típico da malemolência brasileira.
Eu explico. Digamos que o Brasil pudesse ser simplificado – para efeito de cálculo – como nos Estados Unidos. Cem milhões de brasileiros seriam “democratas”, cem milhões “republicanos”, os primeiros concentrados nas áreas urbanas e os segundos nas zonas rurais. É razoável supor que dois senadores, um de cada legenda, representariam os interesses de cada uma das unidades federativas. Daria empate. Pois dane-se o empate. Que a coisa se resolva no diálogo, afinal é pra isso que a política tem de existir.
Se, no entanto, tivermos três senadores por unidade, digamos que um Estado tenha 51% de eleitores de uma legenda e 49% de eleitores de outra: Isto elegeria basicamente dois senadores de uma contra apenas um de outra, perfazendo uma representatividade avariada, com 66% para uma agremiação e 33% para outra, o que é fundamentalmente falso. Isto prova que 54 senadores é mais que suficiente para a política fluir, de forma a suscitar o debate entre as legendas.
E aí? Quer um Congresso com a metade dos vigaristas que hoje se encontram por lá? Comece a exigir hoje mesmo que eles defendam um automutilamento, antes que sejam mutilados de verdade por um exército de panelas. Chega de vigarices, meus caros. A “coletividade” que vá para o inferno. Só serve para “esconder malfeitos”. De políticos malfeitos estamos até a tampa.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

"O tal choque não veio, ou foi dizimado em suaves prestações... / Vlady Oliver


Vlady Oliver: Traduzindo em miúdos

Fosse eu um presidente eleito, governaria na sala ao lado do juiz Sergio Moro e iria até lá servir um cafezinho para o magistrado

Por: Augusto Nunes  
Vou insistir: sou publicitário. Sei vender mortadela e pescoço de peru. Entendo que todo esforço publicitário busca a tal “massa crítica”, quando uma informação passa a correr sozinha, sem a necessidade de “comprar apoios” para existir. Para isso, é necessário que ela seja uma informação verdadeira ou revestida de verdade: não pode enganar o público pagante com seus elegantes eufemismos.
Quem aqui percebeu que pequenos deslizes no atual governo são fatais para a sua imagem já combalida entende perfeitamente que o país não suporta mais relativismos. Leio em vários lugares que a situação econômica é desoladora. Basta cavar no rasinho para desenterrar inúmeros artigos de gente boa afirmando que a principal crise enfrentada por este governo é de legitimidade. Para reverter este quadro, seria necessário um tal de “choque de gestão”, que eu traduzo como uma retomada da vergonha na cara, irremediavelmente perdida por todos os petistas e simpatizantes da bolivarianada em botão.
Pois é. O tal choque não veio, ou foi dizimado em suaves prestações. Aquela impressão de que “agora vai” não se confirmou. Perdido em tecnicismos, liturgias caras e burocracias, acossado pelo medo de enfrentar o exército de vigaristas a soldo pelo socialismo de tanga que aqui se professa, o atual governo não consegue sinalizar o rumo certo, tentando trilhar pelo errado mesmo. Fosse eu um presidente eleito, governava na sala ao lado do juiz Sergio Moro e iria até lá servir um cafezinho para o magistrado. Derrubava esses muros idiotas que todo vigarista quer construir para bovinizar o seu rebanho e mostrava claramente de que lado estou.
Vão os imbecis afirmar que estou me dobrando a um juiz de primeira instância, de uma “comarca agrícola”. Não, senhores. Estou mostrando de que lado está a decência, de forma inequívoca, para quem quiser me seguir. Com certeza, teria milhões de seguidores. Faria centenas de desafetos e escolas seriam invadidas em protesto contra minha teimosia. Danem-se todos eles. Não trabalham. Vivem de brisa. De encosto. De cacarejo. Acham que uma Lei Rouaneta ─ a teta ─ qualquer vai dar-lhes a sobrevida de que precisam para continuarem indefinidamente no linchamento de nossa decência cívica.
Vão pro inferno. Fosse eu um presidente desses, seria um dos primeiros a ver o lulão entrar na cela reservada ao seu boquirrotismo inesgotável. E faria um discurso ali mesmo, na porta da “República Agrícola de Curitiba”. Entenderam agora, meus docinhos? Bandidos se trata é assim, daqui pra frente. Agora vão trabalhar.

sábado, 12 de novembro de 2016

"O Pai Patrão e a Tia Diretora" / Vlady Oliver

Vlady Oliver: O Pai Patrão e a Tia Diretora

Por: Augusto Nunes  
Li muito nestes dias, na minha modesta tentativa de entender o fenômeno Donald Trump na eleição norte-americana. Todas as teorias conspiratórias possíveis. Todas as suposições esdrúxulas. Concluí que analistas e jornalistas não estão conseguindo ler, através de conceitos mercadológicos muito simples, o que anda acontecendo na cabeça convulsionada do eleitor de hoje.
Um candidato é um ente audiovisual. A campanha política nada mais é que uma tentativa de “enquadrar” sua imagem em padrões e estereótipos já conhecidos do público. O que vemos é que o político tradicional – terno, gravata e vomitando platitudes – está morto e enterrado no ideário popular, dada a sua imensa rejeição nas urnas. Outras figuras precisam ser exploradas, para sensibilizar este eleitor frustrado.
Neste caldo, é engraçado que, para o pensamento de esquerda, não basta ser “tolerante” com as minorias; é necessário algum tipo de política compensatória com elas, e todas estão em franca decadência no mundo inteiro. A bronca desses dinossauros é que “não há mulheres e negros no governo”, não importando se são honestos ou não. Se são competentes ou não. Basta serem da seita de turno que o marketing se encarregará do resto. Grande engano.
Não me espanta que, sendo o socialismo o modelo doutrinatório que é, faça seguidores justamente nas fábricas de fazer linguiças montadas em nossas escolas e afins. É razoável supor que a idolatria míope dessa gente acabe por incensar a figura da “Tia Diretora da Escolinha”, um personagem histriônico típico, encontrado nas Bezerras, Dilmas, Martas e Hillarys, com tanta frequência. Outro modelo falido.
São os tais “corações impertinentes”, cuja valentia guardada no armário deu lugar, há muito tempo, a um modelo de “gerentona meia-bomba”, que não cai no gosto popular nem matando, pois são falsas como notas de três dólares. Pois a crise econômica pede mesmo hoje a figura do “Pai Patrão”; político que não tenha compromisso com a política (ou que pelo menos assim se apresente), mas sim com o modelo administrativo, posto em falência justamente pelo excessivo doutrinamento de véspera.
De Doria a Trump, passando por Paulo Hartung e outros que o eleitorado identifica primeiro como gestores bem sucedidos (e só depois como fraudes políticas, se é que serão fraudes políticas, pois todos os seus antecessores o foram primeiro, resta evidente que a tal “política compensatória”), temos que ser governados necessariamente por uma mulher, por um negro, por um metalúrgico que perde os dedos no torno ou por um índio que anda de gravador na cintura. Afinal, é o “coletivo” que importa, não o “individual”.
A tese anda totalmente em baixa, diante do individualismo quase exacerbado dos exemplos acima. Pegue uma pessoa qualquer, que estudou, ralou e trabalhou a vida inteira e tente convencê-la a dividir tudo o que conquistou e produziu na vida com aqueles “que não tiveram a mesma sorte”. Por um tempo você até vai conseguir, contando com a boa fé daqueles que cujo coração é solícito. Com o tempo, no entanto, você verá aflorar a verdadeira índole desses “pastores” dos rebanhos de feitos de besta, ao vê-los fazer fortuna sistematicamente rapinando as riquezas alheias.
Bandidos, isso é o que são. Empulhadores. Vigaristas. Gente que precisa ser presa para simbolizar um mínimo de decoro e justiça no trato com a coisa pública de um país. Gente que não resiste ao pente fino da lei. Pois vou querer ver toda a diretoria do parquinho cacarejando atrás das grades. Tenho certeza de que será didático para todos os estudantes. Não é por acaso que Trump tenha citado a Lava Jato como exemplo a ser seguido.
É o Brasil fazendo escola. A escola da roubalheira impune e soltinha da Silva. A tia diretora que pare de roubar os docinhos da festinha infantil. Está pegando mal em todo o planeta.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Sobre o estado das arenas de futebol .../ Vlady Oliver


Vlady Oliver: I’m being a live

As pessoas pensam que uma guerra é um videogame, com um pouco

 mais de ação. A guerra é estúpida, meus caros

Por: Augusto Nunes  
Nunca tenho o costume de requentar textos velhos meus e quase nunca volto pra lê-los, mas este despertou minha atenção, depois que li que o Itaquerão pode deslizar como aquele monte de lama da barragem de Mariana. É de 2013, ainda antes da Copa. Eu já sabia. 
– O que mais me incomodava era o cheiro. O cheiro da morte. A morte tem um cheiro muito característico, sabia? – dizia o Mariner, relembrando a cena. ─ Cheguei a acordar várias vezes, com a respiração ofegante, sempre com aquele cheiro me envolvendo as narinas.
As pessoas pensam que uma guerra é um videogame, com um pouco mais de ação. Se acostumam a ver corpos dilacerados e sangue jorrando, mas não fazem ideia do asco e da perdição que tudo aquilo representa, quando está acontecendo bem ao seu lado. A guerra é estúpida, meus caros. Você recebe uma informação, pega uma arma, caminha numa direção mais ou menos definida, procura um alvo e tenta acertar, antes que ele te acerte. É matar ou morrer. É sonhar cada minuto com a volta pra casa e sair daquele horror, sem se dar conta de que muitos ali já não tem nem para quem voltar, quanto mais uma casa para viver.
E os sons? Os sons da batalha são aterradores. Começam com uma miríade de vozes confusas, gritos lancinantes, correrias e sirenes ao longe, antes dos fortes estampidos. Os ouvidos vão ficando anestesiados com o barulho ensurdecedor. É como se saíssemos do corpo para fugir e nos víssemos num espelho. É a alma que fala com você. Que pede clemência. Que não se importa mais com o traçar dos tiros.
Entramos no estádio bem no meio da tarde. As estruturas não suportaram o peso da vigarice, da empulhação, da corrupção, da falta de decência no trato com a vida humana. Superfaturadas e subdimensionadas, ruíram com todo mundo dentro. Tiros eram ouvidos por todo lado. Dizem que começaram de uma milícia cubana ali infiltrada, mas nos disseram que só tinham mandado médicos para cá. Assim mesmo as balas eram de verdade e matavam de verdade também. A modelo contratada para abrilhantar o evento foi a primeira a levar um balaço na nuca. Eles adoram um lindo crânio esfacelado para contar vantagem para o seu séquito de adoradores de uma besta. E por falar na besta, ninguém viu os cicerones da festa. Parece que conseguiram sair de fininho, em meio aos escombros.
A tevê local bem que tentou fazer algumas imagens da tragédia, mas foi impedida por milicianos armados e homens de burca que gritavam alguma coisa como “podres poderes”, como se cacarejassem. Os corpos jaziam amontoados, na entrada do Soccer Hall. Sei lá se é assim que se chama, pois só entendo de football, com dois oos. Tentavam reanimar um jogador famoso, pelo que eu entendi. Era brasileiro. Falei no passado porque no passado ele ficou. Já era. Seu corpo inerte não vai encantar mais ninguém nesta terra desolada. Quando tudo começou, na longínqua Venezuela, ninguém acreditava que aquilo chegaria à maior cidade do hemisfério sul.
Ninguém acreditava que o golpe era pra valer. Diziam que “o bicho ia pegar” – ” the animal will pick up” – mas eu não entendia o significado da frase até chegar aqui e constatar que a guerrilha já se disseminava por toda a cidade. Eles adoram queimar ônibus por aqui. Usam sua carcaçona para tudo; barricadas, abrigo para passar a noite, elementos de contenção e até para transportar gente, de vez em quando. Que nem gado. Nunca tinha visto um caminhão vestido de ônibus em meu país. Talvez por isso tenham começado os protestos pelo preço das passagens, queimando o impostor do transporte urbano. Isso não é um ônibus, é um escárnio com a população deste pobre rincão saqueado. Agora eu entendo tanto ódio acumulado para com os seus governantes. Todos são tratados como lixo por aqui. Aliás pior que lixo, que ao menos às vezes é reciclado.
Do estádio não sobrou quase nada; nem o hino nacional, que eles cortaram no meio. Quando todos gritavam o restante do canto em que irromperam os tiroteios e o ranger da estrutura ruindo. E foi assim que fomos chamados para iniciar uma guerra no próprio quintal americano. É uma pena que uma geografia tão pródiga tenha sido tão brutalmente atacada pela sanha de uma horda. Nem calor, nem frio. Só a morte. Vai ser bom para vocês pensarem o que vão querer da vida, daqui pra frente. Assim como no Iraque, fizemos nossa parte.
Cabe a vocês, que nunca se meteram em guerras, entender o que significa ser sempre subjugado por um bando de boçais, manejando o pão e o circo que um dia acaba em tragédias como esta. Encontrei um mindinho presidencial. Vou procurar um vidro de maionese e tentar liberar o amuleto como espólio de guerra. Se colar, fico rico. Em Las Vegas eles compram até os cílios que dizem terem pertencido a Marilyn Monroe, porque não? Valeu cara. Uma dia a gente se tromba por aí. Desculpe qualquer coisa; é assim que vocês falam por aqui? “Sorry; I’m being a live”. Só vocês mesmo.

sábado, 15 de outubro de 2016

O Brasil maltrata o Brasil; .. dá sinais de cansaço; manda recados ao bom senso...

Vlady Oliver: Palhaços de estimação

Não fomos nós que optamos pelo fim da civilidade em suaves 

prestações superfaturadas

Por: Augusto Nunes  
Não sei não, mas acho que ando vendo palhaços demais em minha vidinha besta. Basta uma rápida olhada na blogosfera para sabermos que somos acossados pela terceira guerra mundial, pela gravidade do Planeta X, pelos palhaços assombrações, pela prisão do meliante chefe da camarilha e por outras tantas hecatombes que fariam corar a sacristia toda. Aliás, ela mesma anda em polvorosa, mandando recados esquisitos e se recusando a abençoar o “governo golpista”, que vai queimar no inferno se resolver cobrar dos templos tudo o que eles devem em impostos.
Tempos esquisitos. Não sei se conta a pessoa acabar de perder o pai e a mãe e alguém vir confortá-la afirmando que “isso passa” e outras beatitudes e formalidades. Resumindo: não se questiona com razões, questões de fé, da mesma maneira que não adianta apelar para o civismo e para a cidadania, quando sabemos que estamos diante de um bando de ladrões em plena atividade parlamentar. É do jogo, como diria o próprio presidente Temer, que vem me ensinando algumas aulinhas de bom senso e tolerância.
Eu só acho que o abismo que nos olha tem nome, sobrenome e endereço certo. Não fomos nós que o parimos e o alimentamos; pelo contrário. Somos um povo até bastante tolerante com tudo o que está acontecendo no país. A estrondosa roubalheira capitaneada por todos estes homúnculos vem merecendo uma resposta rápida e contundente do poder público, antes que o sapato seja usado para abater estes salafrários todos. E haja sapato.
Continuo a brandir a diferença entre uma convicção e uma constatação. Por convicção sou contra a violência, seja ela uma sapatada, um tiro de canhão ou toda essa vigarice institucionalizada. Por constatação, no entanto, penso que só podemos pedir respeito às leis, às instituições, ao governo, à sociedade e à classe política, quando estes agentes da vida pública se fazem respeitar perante o conjunto de indivíduos a que estes deveriam representar. O resto é guerra.
É evidente que temos que ser a turma do “deixa disso”. Os bombeiros da nação exausta. Os “médicos sem fronteiras” dessa doença chamada Brasil. O problema é justamente a demora das soluções. A disparidade de versões. As avarias de julgamento. É muito bonito oferecer flores aos combatentes, mas não somos nós que sentimos o cheiro da morte em confrontos estúpidos. Não fomos nós que optamos pelo fim da civilidade em suaves prestações superfaturadas. Não fomos nós que trouxemos essa guerra para o nosso quintal. Mas ela está aí na porta, nos ameaçando o tempo todo.
Se eu precisar pegar no porrete para defender minha casa, minha família, minha vida e minha dignidade desses párias, o farei sem pestanejar. Não sou daqueles que oferece a outra face: só tenho uma para oferecer. O homem é um animal sem complacência, sem compaixão e sem limites. Entende o fim do seu território só quando começa o território do outro. Pois o cara que transpasse a minha cerca será alvejado por um pé 43. Republicanamente. Sem a menor dor na consciência. Só na careca. Vai encarar?

terça-feira, 16 de agosto de 2016

A fraude de uma fraude chamada PT / Vlady Oliver



Vlady Oliver: Só sobrou a fúria
O velho de 600 anos tentando encontrar três mulheres que são uma só é um caso a parte no romantismo pilantra do projeto


Por: Augusto Nunes 15/08/2016 às 10:20

A platinada exibiu neste domingo de madrugada um “desenho desanimado” genuinamente brasileiro. É um longa lançado há pouco tempo, no auge da ditadura do proletariado possível, instalada por aqui por aquela fraude chamada PT.


Eu tinha um professor acometido de um tipo de paralisia que lhe tirou os movimentos das rótulas dos joelhos. Tal deficiência não o impedia de fazer qualquer coisa na vida – exceto se abaixar para pegar alguma coisa – e não causava qualquer comoção ou constrangimento, mas era evidentemente engraçada de experimentar, com seus passinhos duros de RoboCop e a necessidade de afrouxar os parafusos de uma prótese para o cara “parecer sentado” enquanto lecionava.


Lembrei dele porque o resultado é semelhante. De “animação” a coisa passa longe: tecnicamente, é uma sucessão de “ilustrações movimentadas” semelhantes as dos desenhos do Hulk dos anos sessenta. A limitação técnica empurrada para o público como “linguagem” só não é uma fraude pior que o próprio roteiro e o argumento. É aí que mora a sacanagem propriamente dita.

Os recursos técnicos de hoje acabam permitindo que coisas primitivas e sem fundamentos se mimetizem naquilo que não são, como os discursos de Dilma do Chefe, o partido dos trabalhadores que não trabalham, os cultos nas igrejas fast food da fé e a bancada da chupeta. São fraudes, brandindo a máxima de que eles também detém o direito de terem um lugar ao sol na confraria, sem pagar pelo assento.


As citações aos filmes que o autor viu – Blade Runner, Minority Report, Forrest Gump, Highlander, The Day After, Matrix, entre tantos – são escancaradas tentativas de revestir com um verniz tecnológico uma cartilha vagabunda de curso primário, onde uma improvável dupla de Ceci e Peri com deslavada orientação de esquerda trafegam enfadonhos pelo roteiro que mistura balaiada, militarismo e canibalismo tupinambá.

Isso só para ressaltar um heroísmo discutível frente “ao sistema opressor e injusto” que os obriga a tornar-se assaltantes de bancos para promoverem “uma retomada” do dinheiro que eles fingem que lhes pertence. E a “atriz principal”, até bem pouco tempo, era protagonista de anúncios da “Nossa Caixa”. Uma salada.


O velho de 600 anos tentando encontrar três mulheres que são uma só é um caso a parte no romantismo pilantra do projeto. É o “amor de aparelho”, no jargão da macacada que não comia ninguém na época, mas fazia um barulho danado para chamar a atenção de suas vítimas, como seus colegas símios fazem na jaula, quando confinados.


Confesso que de “amor” e “fúria” só sobrou esta última, depois de ter engolido o filme inteiro sem maionese nem salgadinhos. Impressionante saber que uma aberração audiovisual como esta – como outras tantas outras “obras” paridas do mesmo jeito – teve o apoio improvável do nosso próprio dinheiro para se concretizar contra nós mesmos, pagantes de toda sorte de impostos indecorosos,


Essa é a fraude. Usando o jargão do Bernardinho do vôlei, eu diria que é o dá pra jogar sem atentar para os fundamentos. Tal como andar sem joelhos, a coisa fica esquisita. Animação sem animadores parece que é, mas passa longe.