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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Envelheçam. .. / Reinaldo Azevedo


sexta-feira, fevereiro 09, 2018

Dou à turma da nova política e a FHC o conselho de Nelson Rodrigues aos jovens: envelheçam! - 

REINALDO AZEVEDO

FOLHA DE SP - 09/02

Se Huck for "o candidato de FHC", cria-se para o PT o segundo melhor dos cenários


É espantoso que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso esteja patrocinando a aventura Luciano Huck, ecoando essa patacoada de "nova política", que nem o sociólogo nem o presidente conseguiriam caracterizar porque um amontoado de conceitos mal digeridos, vomitados nas redes sociais por oportunistas a soldo de financiadores sem cara, candidatos de si mesmos a pensadores. Os petistas que conheço estão em êxtase com a possibilidade.

Nunca censuro a vaidade alheia. Pode-se fazê-lo por vício, não por virtude. Não se é juiz moral de um vaidoso sem que se entre numa competição com ele. Mas notem: essa minha consideração diz respeito à esfera privada. No debate público, a vaidade merece nomes mais ásperos: arrogância, prepotência, ilusão da infalibilidade.

É proverbial a dita vaidade de FHC. Nunca dei bola para essa prosa. Foi, em muitos aspectos, o presidente mais importante do país. Sua obra evidencia sua agudeza intelectual. O livro "Dependência e Desenvolvimento na América Latina" (1967), por exemplo, escrito em parceria com Enzo Faletto, evidenciou a fragilidade do aparato ideológico terceiro-mundista da Cepal (Comissão Especial para a América Latina).

Por equívoco, o título acabou integrando a lista de referências do "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano", de Plinio Apuleyo Mendoza, Alvaro Vargas Llosa e Carlos Alberto Montaner, que listam todas as ilusões das esquerdas do continente, sejam as moderadas, que os autores classificam de "vegetarianas" --prefiro chamar de "herbívoras"--, sejam as "carnívoras", para ficar ainda na sua terminologia. Houvessem lido o livro, teriam constatado que ali estava a negação dos conceitos então firmados sobre a "Teoria da Dependência".

Para o FHC já do fim da década de 60, o capitalismo poderia se realizar nos países ditos periféricos. Às economias ditas "dependentes" não estava reservado o papel de meras fornecedoras de matéria-prima e importadoras de manufaturados, com um mercado consumidor local dinâmico, mas restrito --enquanto, como disse o poeta, "a terra ficava esfaimando". Não tardou para que essa perspectiva abrisse uma outra: também a democracia era viável naquela periferia. Tratava-se de trincar um gigantesco edifício intelectual, que também era um lugar de poder nas universidades, cujo pilar era a militância anti-imperialista.

FHC operou outro rompimento importante, desta feita no terreno da disputa pelo poder. Quando candidato do Plano Real à Presidência, em 1994, buscou o apoio da "velha política", encarnada pelo PFL, para fazer as reformas modernizadoras que a esquerda e a centro-esquerda se recusavam a apoiar. E as fez. É esse líder a surgir como a mão que balança o berço em que Huck balbucia infantilismos sobre política?

Notaram a armadilha? Lula não vai disputar a eleição porque impedido pela Justiça. Mas estará na urna na figura de um ungido seu. Se Huck, o "homem da Globo" (na linguagem de seus adversários, não inteiramente fantasiosa), for "o candidato de FHC" --e essa marca já está estampada nele; não sai mais--, cria-se para o PT o segundo melhor dos cenários, já que Lula, potencial vitorioso, seria o primeiro. É estupefaciente que, em nome da "nova política", ele atue para reeditar um velho pacto de duelistas.

Surpreende? Há meros oito meses, o tucano defendeu a antecipação das eleições presidenciais, proposta que, se tornada realidade, rasgaria a Constituição e nos poria à beira do indeterminado. Que teoria a iluminava? Nenhuma! Era a "vanitas" a serviço da própria voz, que ecoava, no entanto, vozes bem mais poderosas. Refiro-me aos veículos do Grupo Globo, que abraçaram, como ordem unida, o "Fora, Temer". Loucura, loucura, loucura!

É ruim perder a noção de limites. O Brasil não merece um novo confronto entre Lula e FHC, ambos como candidatos virtuais, com seus respectivos bonecos de ventríloquo.

Darei a essa turma da "nova política" o conselho que Nelson Rodrigues deu aos jovens: "Envelheçam!" Soa um tanto ridículo ter de dizer o mesmo a FHC. Mas é necessário

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

O Brasil está indeciso. Não sabe onde colocar a corda para enrolar no pescoço ...

sexta-feira, outubro 13, 2017

A direita se transforma no último refúgio dos canalhas - 

REINALDO AZEVEDO

FOLHA DE SP - 13/10

É conhecida a frase do inglês Samuel Johnson (1709-1784): "O patriotismo é o último refúgio de um canalha". Acabou distorcida. Referia-se a uma situação específica da política do seu tempo. Não hostilizava ou renegava os "patriotas", então uma corrente política. Criticava vigaristas que passaram a se abrigar sob tal manto, pervertendo ideias que considerava virtuosas. Nestes dias, o liberal brasileiro está obrigado a dizer: "A direita é o último refúgio de um canalha".


Nesta quarta (11), fiz o que não faço quase nunca. Acompanhei um tantinho, nas redes sociais, as reações de grupos organizados "de direita" à sessão do STF que decidia se medidas cautelares impostas pelo Judiciário a parlamentares devem ou não ser submetidas à respectiva Casa Legislativa. "As direitas" não estavam entendendo nada.

Os ditos direitistas, excetuando-se raras ilhas de compreensão, esmeravam-se em vomitar ignorâncias contra "todos os políticos". Sentem-se moralmente superiores a seus antípodas por atacar a política ela mesma, em toda a sua extensão. O mal dos adversários estaria na seletividade. Entendi. Os esquerdistas se orgulham de olhar no olho de suas vítimas antes de atirar. Justiça que enxerga! A direita de que falo atira antes de olhar. Justiça cega!

Vi antipetistas fanáticos, anticomunistas patológicos e convictos fascistoides de direita a aplaudir o voto de Luís Roberto Barroso. Junto com a esquerda. Aquele cheiro de sangue no ar. O que a etimologia ensina sobre "canalha"? Resposta: "cachorrada". É que o doutor lavou o seu relativismo constitucional com o linchamento do senador Aécio Neves, que não era nem citado naquela ADI. Seu voto ia apertando todos os "botões quentes" da polêmica, para empregar uma expressão que Umberto Eco cunhou muito antes de conhecermos o bueiro do capeta das redes sociais.

Sem vergonha na toga e da toga, o doutor começou atacando o foro especial, que não estava em julgamento. A direita salivava. Depois apelou à metáfora dos "peixes pequenos", sempre punidos, e dos "graúdos", sempre impunes. Mais baba. Poderia ser o "Sermão de Santo Antônio aos Peixes", de Padre Vieira. Era só o "Proselitismo Esquerdopata de Barroso aos Tolos". Aí resolveu condenar Aécio, que nem réu é ainda.

Dinheiro, ensinou, tem de passar pelo banco, ou a corrupção está comprovada. E, se é assim, pode-se rasgar a Constituição em nome da honestidade. É precisamente o que faz a esquerda mundo afora. Ele nem teve a delicadeza de dizer qual foi a contrapartida –ou promessa de– oferecida pelo senador a Joesley Batista, o que poderia caracterizar corrupção passiva. A cachorrada se afogava de prazer na gosma peçonhenta.

A ficha das "direitas" não caiu nem quando, negando a sua condição de "ativista judicial", Barroso afirmou ser contrário ao STF legislador e interventor, mas só nas matérias de natureza constitucional. E, mesmo nesse caso, deixou claro, dá-se o direito de legislar sobre "direitos de minoria" e "proteção às regras da democracia". Não por acaso, é o gênio da raça que resolveu fazer uma interpretação extensiva de um habeas corpus e, pimba!, decidiu "legalizar" o aborto até o terceiro mês de gestação. Não ficou claro se o assassinato do feto, que não pode correr nem se defender, é um "direito de minoria" ou uma "regra da democracia".

Por 6 a 5, depois das adaptações, decidiu o STF que a Justiça pode, sim, aplicar a parlamentares as medidas cautelares do Artigo 319 do Código de Processo Penal, mas tudo o que afeta o mandato deve ser submetido à Casa Legislativa a que pertence o punido por prevenção. Das aberrações, a menor. A confusão, agora, vai se estender a Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores.

A direita dos humores pegajosos, constatou minha mulher, ainda agora se afoga em secreções de puro rancor. Queria mais inconstitucionalidade. Que o Brasil sobreviva ao patriotismo dos canalhas!

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

O STF se enrolou em uma discussão que poderia ser fácil de ser conduzida...

quinta-feira, outubro 12, 2017

Condoreira e acaciana, a presidência de Cármen é das mais desastradas da história do STF - 

REINALDO AZEVEDO

REDE TV/UOL - 12/10

Os contenciosos vão se multiplicando, os procedimentos heterodoxos vão prosperando, as exceções vão se avolumando, e ela não perde uma maldita oportunidade de dizer algumas sentenças que não têm alcance prático nenhum


A ministra Cármen Lúcia vai entrar para a história como a chefe de uma das mais desastradas presidências do Supremo de que se tem notícia. A doutora tem um perfil curioso. Volta e meia, gosta de dizer algumas platitudes entre o condoreiro e o acaciano — isto é, entre a grandiloquência balofa e o óbvio — sobre a Justiça e o Estado de Direito. E isso parece colocá-la acima das vicissitudes temporais, das paixões humanas, das compulsões mesquinhas. Ao mesmo tempo, poucos ministros no seu lugar se mostraram tão imperiais. Vai tomando a decisão que lhe dá na telha. Obviamente, não está preparada para o cargo.

Os contenciosos vão se multiplicando, os procedimentos heterodoxos vão prosperando, as exceções vão se avolumando, e ela não perde uma maldita oportunidade de dizer algumas sentenças que não têm alcance prático nenhum. Joaquim Barbosa, por exemplo, foi um presidente bastante opiniático. Mas provocava mais barulho do que desrespeito às regras. Era difícil no trato, mas permitia, como diria o poeta Fernando Pessoa, que mordomos invisíveis administrassem a Casa.

Ela não! Além de tudo, é centralizadora. Aquela ministra de perfil discreto, que vivia chamando a atenção para a brevidade dos próprios votos, que gostava de parecer comprometida apenas com as estrelas do firmamento, desapareceu com a assunção ao cargo. Em seu lugar, temos uma interventora, que não teme nem mesmo os atos atrabiliários, autoritários, quase despóticos. Pior: busca afinar o seu texto com o alarido das redes sociais, o que é quase sempre um mau caminho para o juiz. A barafunda que aí está tem muito a ver com ela.

Nesta quarta, ela quase provoca um curto-circuito num julgamento que foi organizado e planejado por ela. Como sabem, o Senado havia marcado uma sessão para votar a revogação das medidas cautelares impostas a Aécio Neves por três ministros da Primeira Turma: Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux. Não seria desrespeito ao Supremo coisa nenhuma! Isso é conversa mole pra boi dormir. Qualquer pessoa com a informação necessária para opinar sabe que, se as respectivas Casas legislativas dispõem de autorização dada pela Constituição para anular uma prisão preventiva em flagrante de crime inafiançável e até para suspender processos de seus membros, tanto mais podem e devem fazê-lo com medidas cautelares menos gravosas.

Quando Cármen percebeu que o Senado não engoliria a brasa acesa que lhe foi oferecida por Barroso-Fux-Rosa, chamou Eunício de Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado, e articulou com ele o adiamento da sessão que poderia suspender a pena imposta a Aécio. Combinou ainda com Edson Fachin, que tinha a relatoria da matéria, votar nesta quarta a Ação Direta de Inconstitucionalidade que trata justamente do assunto: medidas cautelares têm ou não de passar pelo crivo do Senado e da Câmara?

Nota à margem: a questão está errada em essência. Estou com os ministros que entendem que a pergunta não se coloca pelo simples fato de que as tais medidas não têm prescrição constitucional. Repito: se Senado e Câmara podem até suspender processos, por que haveriam de aceitar medidas cautelares para seus membros? Já expliquei aqui a razão: as cautelares, que estão no Artigo 319 do Código de Processo Penal, só podem ser aplicadas quando estiverem dadas as condições da prisão preventiva, previstas no Artigo 312. Ocorre que nem um nem outro podem — ou poderiam — ser aplicados aos parlamentares.

Bem, Cármen conseguiu, de todo modo, adiar a sessão do Senado, e comandou a sessão que definiu o alcance das medidas cautelares. Cinco ministros, com argumentação pífia, vergonhosa, que ignora a Constituição, votaram na soberania do STF para impor a medida cautelar que que quiser, menos a prisão preventiva. E Câmara e Senado que aceitem. São eles: Edson Fachin, Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Celso de Mello. Cinco outros, embora com posições divergentes entre si, acabaram fechando em torno da seguinte síntese: medidas cautelares têm de ser submetidas à Casa Legislativa: Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio.

E a Cármen caberia o desempate. Não é que a doutora resolveu inventar uma terceira posição? Entendia, ora vejam, que o afastamento teria de passar pelo crivo das Casas Legislativas, mas não as demais medidas cautelares. Estas seriam auto-aplicáveis. Ninguém entendeu o que queria a doutora. Parece-me que estava disposta a fazer uma embaixadinha para as redes sociais, a cloaca do mundo, mas sabia que não poderia exagerar. Como sintetizar tal voto? Quem, afinal, havia se sagrado vencedor e quem era vencido no julgamento? Acabaram fechando com o seguinte consenso: toda medida que afetar o regular exercício do mandato parlamentar terá de ser submetida à Câmara ou ao Senado.

A bagunça, em todo caso, está garantida. Imaginem os senhores: a partir de agora, 16 mil juízes ficam livres para afastar deputados estaduais e vereadores. E, sim, Assembleias e Câmaras terão de endossar. Muitas dessas Casas correm o risco da paralisia.

Não custa lembrar: Cármen é aquela ministra que homologou, num único fim de semana, 75 delações da Odebrecht. Obviamente, não leu nada. Quando se destrinchou o pacote, descobriu-se que o Ministério Público Federal tinha até definido penas informais para os delatores. Não contentes em se comportar como policiais, os senhores procuradores também atuam como se fossem… juízes.

A operação da holding que chamo “JJ&F” — Janot, Joesley e Fachin — teve em Cármen uma protagonista. Foi ela a aceitar que Rodrigo Janot escolhesse o relator para o caso JBS, que nada tem a ver com a Lava Jato: justamente Fachin. Sem a sua concordância, a patuscada que soma quantidade estupefaciente de ilegalidades — e agora conhecemos ao menos parte dos tenebrosos bastidores — não teria acontecido. E, por óbvio, o país estaria vivendo um momento bastante distinto. E melhor!

Há ainda componentes que costeiam o alambrado da deslealdade. Quando acertou a votação desta quarta com Eunício, ela o fez em nome da paz entre os Poderes. E, por muito pouco, não pôs tudo a perder.

Por que isso tudo? Obrigo-me a lembrar que Cármen foi considerada a primeira opção para a Presidência da República daqueles que tentaram depor Michel Temer no berro. Deu tudo errado. Mas parece que tal articulação a fez ainda mais imperial. E mais atrapalhada.

Afinal, nesta quarta, não fosse a ajuda de alguns parceiros de toga, e tal senhora não teria conseguido nem mesmo resumir o que foi votado.

Uma lastima.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

O Político como mercadoria... da JBS!

http://avaranda.blogspot.com.br/2017/06/nunca-houve-nem-havera-criminosos-como.html?m=1

Nunca houve nem haverá criminosos como os irmãos Joesley e Wesley Batista, os controladores da J&F. Escrevi em meu blog que eles não se fizeram poderosos vendendo boi, frango ou porco. Sua principal mercadoria é gente! Eles se tornaram multibilionários traficando a carne barata dos brasileiros "pobres de tão pretos e pretos de tão pobres", como já cantaram Gilberto Gil e Caetano Veloso, que agora virou animador de comícios golpistas.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Delação cheia de sujeitos ocultos ...!

 https://youtu.be/OdXlyZCE91g

Temer é vítima de uma conspiração - 
REINALDO AZEVEDO FOLHA DE SP - 19/05

  Pesquisem a etimologia da palavra "conspiração". Lá está o verbo "spiiro", que significa "soprar", "respirar", mas também "emitir um odor". A conspiração, então, é uma teia de sopros, respiros e odores subalternos. Metaforicamente, é o cochicho das sombras. Cecília Meireles soube trabalhar tal origem no seu magnífico "Romanceiro da Inconfidência". Pesquisem a respeito.
  É claro que o presidente Michel Temer está sendo vítima de uma conspiração meticulosa e muito bem-sucedida. Todos sabem que os irmãos Joesley e Wesley Batista eram íntimos e grandes beneficiários do regime petista. Aliás, dava-se de barato: querem pegar o PT? Então peguem a JBS. A coisa ganhou até tradução popular. 
  Que jornalista não foi indagado no táxi sobre uma suposta fazenda de Lulinha, em sociedade com a JBS? Que se saiba, tudo conversa mole. Nunca houve. Mas a dupla caiu na rede da Lava Jato.
 Os irmãos foram assediados pela força-tarefa. Sabe-se lá com quantas ameaças. Como não devem ter memória muito limpa do que fizeram nos verões passados, resolveram "colaborar". Mas não com uma delação premiada no molde Marcelo Odebrecht. Não! Empregou-se a tática aplicada no caso Sérgio Machado, aquele que se dispôs a gravar peixões da República. Com a mesma generosidade. Em troca, os filhos de Machado nem processados foram. O criminoso pegou dois anos e três meses de cadeia em sua mansão, em Fortaleza.
  Aos irmãos Batista se ofereceu ainda mais: "Entreguem o presidente da República, apelando a uma conversa induzida, gravada de forma clandestina. Façam o mesmo com o principal líder da oposição, e vocês nem precisarão ficar no Brasil, sentindo o odor dessa pobrada, que vai pagar o pato. Nós os condenaremos a morar em apartamento de bilionário em Nova York. Impunidade nunca mais!"    Querem saber? Sim, sou grato ao Ministério Público Federal e à tal força-tarefa. Oh, sim, também pelos relevantes serviços prestados no combate à corrupção. Lembrando o cineasta Bertolucci, sob o pretexto de caçar tarados, vocês ainda chegam ao fascismo, valentes! Avante, "giovinezza, giovinezza,/ Primavera di bellezza/ (...)/ Per Janot, Dallagnol, la mostra Patria bella". 
 Sim, sou grato a todos os Torquemadas e Savonarolas da política porque admitem, na prática, agora sem nesga para contestação, que eu estava certo.  
 Os procuradores têm um projeto de poder e estão destinados a refundar a República. E, por óbvio, seu viés é de natureza revolucionária, não reformista. Em recente prefácio que escreveu, o juiz Sergio Moro alcançou voos condoreiros: haverá dor. 
  Sim, sou grato a esses patriotas porque, quando afirmei, há meses, que a direita xucra estava se juntando a alguns porras-loucas, com poder de polícia, para devolver o poder às esquerdas, alguns tentaram me tachar de maluco. Perdi amigos –não por iniciativa minha. E, no entanto, tudo está aí, claro como a luz do dia.  
 Então vamos ver. O presidente Michel Temer disse que não renuncia. Sim, ele é um político, é hábil, é consciencioso e certamente saberá avaliar, de forma criteriosa, as circunstâncias. Estas são sempre boas conselheiras dos prudentes. Como ele próprio lembrou, trechos de gravações vêm a público naquele que é o melhor momento do governo.
 No breve pronunciamento que fez nesta quinta, Temer subiu um pouco o tom —ou o som— que lhe é habitual. Havia uma irritação extrema, mas contida (como é de seu feitio). A tensão era óbvia. 
 O Brasil está pronto para ser o território livre do surrealismo jurídico. Ali falava um presidente da República, ninguém menos, a negar a renúncia, mas sem saber do que era acusado. 
Tinha consciência, sim, de que o relator do petrolão no STF, Edson Fachin, já havia aceitado o pedido de investigação. Mas ele próprio não tinha ouvido nada. O conteúdo já foi liberado. 
  Ali falava um presidente da República, ninguém menos, que lutava para não ser refém do Terror Jurídico em curso no país. Sob o pretexto de "cassar tarados". 
 O Brasil afunda, e a esquerda deita e rola.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

"Dentro Temer" / Reinaldo Azevedo

sexta-feira, dezembro 16, 2016

Agenda do governo Temer avança, apesar da histeria dos porras-loucas - REINALDO AZEVEDO

FOLHA DE SP - 16/12

Quantas vezes, leitor, aquele seu amigo que vestiu verde e amarelo e estreou nas ruas gritando "Fora, Dilma" já o encontrou numa festa, no shopping ou no Metrô e reclamou de Michel Temer? A meio-tom, pesaroso, como se tentasse esconder até de si mesmo a decepção, exclama: "Esse Temer é muito devagar!"

Então, meu caro, eu gostaria de tranquilizá-lo um pouco, apesar dos números do Datafolha, que deveriam ser lidos com lupa pelos conservadores, nem sempre instruídos pela lógica elementar.

A desordem institucional, como nos ensina a história, só interessa ao mundo-canismo populista, de esquerda ou de direita.

Seria demasiado escrever aqui que você não deve acreditar na imprensa. Afinal, é este um texto de imprensa. Mais ainda: todas as evidências que vou listar de que temos um bom governo –dadas as circunstâncias (mas quando é que não, né?)– estão noticiadas na... imprensa! É que jornalistas são treinados para caçar contradições, não coerências. Somos todos viciados em bastidores, suspeitas, conspirações palacianas. Às vezes, perdemos a noção do conjunto, apegados demais à miudeza de interiores.
Temer está no governo há menos de quatro meses. Há muito tempo, como diz uma amiga, "o país não via uma agenda que fizesse sentido". Ou que fosse composta de escolhas que caminham numa mesma direção.

E olhem que não me lembro de tão explosiva conjugação de irresponsabilidades oriundas do Judiciário, do Ministério Público, do Legislativo e de setores da imprensa (sim, sempre estamos no meio...). Varões e varoas da República perderam completamente a noção de institucionalidade. Ministros do STF, por exemplo, concedem liminares ilegais com mais ligeireza do que César atravessou o Rubicão. São os Césares de hospício! Procuradores têm a ousadia de convocar as ruas contra o Congresso, exibindo algemas como credenciais políticas. Parlamentares sonham com retaliações...

Ainda assim, nesse pouco tempo, o governo Temer conseguiu:

a - aprovar uma PEC de gastos que, quando menos, impedirá o Brasil de virar um Rio de Janeiro de dimensões continentais:

b - aprovar na Câmara a medida provisória do ensino médio, depois de enfrentar um cipoal de mistificações e desinformação;

c - aprovar a MP do setor elétrico, área especialmente devastada pelo governo de Dilma Rousseff, a dita especialista;

d - aprovar o projeto que desobriga a Petrobras de participar da exploração do pré-sal –e contratos já foram fechados sob os auspícios do novo texto;

e - aprovar a Lei da Governança das Estatais, que é o palco principal da farra;

f - apresentar uma boa proposta de reforma da Previdência, que vai, sim, enfrentar muita resistência;

g - no BNDES, ultima-se o levantamento do estrago petista, e o banco se prepara para retomar financiamentos.

Não é pouca coisa. E por que, lava-jatismo à parte, a sensação de pasmaceira? Uma resposta óbvia: nada disso tem impacto imediato na vida das pessoas. Então não existe uma resposta popular aos atos virtuosos, que possa se impor à eventual má vontade ou cegueira de analistas.


Mas esse não é o fator principal. Olhem o que vai acima. Estamos diante de uma agenda que interessa ao Brasil e aos brasileiros, mas que não é nem "de" nem "da" esquerda. Tampouco traduz o espírito policialesco dos Savonarolas e jacobinos, com seu gosto por fogueiras e guilhotinas. Trata-se de escolhas que dizem respeito ao território da política, não da polícia.

Por isso extremistas de esquerda e de direita gritam: "Fora, Temer!"

Por isso digo: "Dentro, Temer!"

sábado, 15 de outubro de 2016

Mais sacanagem....? O Brasil não tem medo de ser infeliz !

REFORMA POLÍTICA: Cuidado! Voto em lista é golpe no eleitor! Sem essa, Rodrigo Maia! | VEJA.com

REFORMA POLÍTICA: Cuidado! Voto em

 lista é golpe no eleitor! Sem essa, Rodrigo Maia!

Partidos agora dão de uma de joão sem braço e falam em lista fechada em razão de dificuldades financeiras. Uma ova!

Por: Reinaldo Azevedo  

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), postou nesta quinta uma mensagem no Facebook que me parece infeliz sob vários pontos de vista. Eis a imagem abaixo, com a transcrição:
Rodrigo Maia lista
Está lá, literalmente, com todos os infinitivos flexionados:
“Na próxima semana o Congresso voltará a debater uma nova reforma política. Ao meu ver, o nosso sistema entrará em colapso em 2018 se nada for feito. Estive hoje com o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes para discutirmos pontos que devem ser analisados pelo Parlamento. Com o fim do financiamento privado, eu tenho defendido a adoção da lista fechada. Uma opção que traria menor custo para as próximas eleições. O modelo vigente no país não representa mais a sociedade, uma prova disseo é que mais de 40% da população não foi às urnas. É preciso encontrarmos um sistema que possibilite a legitimação da política e também o seu financiamento.”
Retomo
Uma das pedras de toque da reforma política que o PT queria fazer quando era o todo-poderoso do país previa o voto em lista.
Para lembrar como é a coisa: o eleitor é convidado a votar, nas eleições proporcionais (deputados federais e estaduais e vereadores no caso de grandes cidades), num partido.
Apurados os votos que obtiveram as legendas, vê-se qual é o número de cadeiras que cabe a cada legenda. E os eleitos são aqueles que compõem a lista fechada do partido, a começar do primeiro rumo ao último.
O voto em lista é o único sistema, fora uma ditadura, em que uma pessoa sem voto pode ser “representante do povo”. Basta que ela pertença a um partido com uma máquina poderosa e que esteja entre os primeiros da lista.
Suposta virtude, mas que é conversa mole: o voto fortalece os partidos. A verdade: esse mecanismo só robustece burocracias partidárias.
Por que queria?
Por que o PT queria esse sistema? Porque era o partido mais forte e também liderava a preferência dos brasileiros quando estes eram indagados a respeito.
Eu era contra. Só porque fortalecia o PT??? Não! Fosse assim, hoje eu seria a favor, quando o partido está na lona. Mas eu continuo contra.
Reforma?
Quero uma reforma política que aproxime o eleito do eleitor, não o contrário. E isso se dá com o voto distrital puro. Cada partido indica o seu representante para uma área restrita. Pode-se pensar no distrital misto, que combina esse modelo, que aprovo, com a lista? Não é a minha escolha, mas dá para debater. O voto em lista, como queria o PT e agora diz querer Maia, é inaceitável. Trata-se de um golpe no eleitor.
Desculpa esfarrapada
Pior: Maia trata do assunto na esteira das dificuldades geradas pela proibição da doação de empresas a campanhas eleitorais.
Acontece que essa proibição esdrúxula tem é de cair, em vez de gerar novos frutos teratológicos.
Sou quase capaz de apostar que o PT, que antes defendia o voto em lista, agora já não vê a coisa com simpatia, fazendo trajetória inversa à de Maia.
Os senhores políticos precisam pensar uma reforma política que sirva ao país, não a seus interesses oportunistas.
Comissão
O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), presidirá a Comissão Especial que vai debater a reforma política. O relator será o petista Vicente Cândido (PT-SP).
Espero que essa estupidez de voto em lista seja arquivada de pronto e que se tente trilhar o caminho contrário.
De resto, voto distrital, voto distrital misto e mesmo voto em lista são alternativas que só fazem sentido num regime parlamentarista.
E este, sim, deveria ser o debate. A partir de 2018, certamente é impossível. Que se pense, então, na possibilidade a partir de 2022.
A única grande nação em que o presidencialismo dava certo ERAM os Estados Unidos. Nem isso mais. Donald Trump levou o modelo à falência.
Os EUA elegerão Hillary Clinton presidente, a candidata democrata mais fraca em muito tempo porque boa parte dos americanos votará CONTRA o falastrão.
O debate da reforma começou pelo avesso.
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Questão de Madureza, jovens promotores!

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/como-eu-e-renan-achamos-que-a-soma-dos-quadrados-dos-catetos-e-igual-ao-quadro-da-hipotenusa-e-agora/

domingo, 17 de julho de 2016

Prefeito Haddad pirou de vez... (atualizado) no blog Reinaldo Azevedo

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/haddad-ve-crime-na-exibicao-da-bandeira-nacional-e-isso-nao-e-uma-piada-stf-nele/

Haddad vê crime na exibição da bandeira nacional! E isso não é uma piada! STF nele!!!

Prefeito decidiu proibir Fiesp de projetar o símbolo em sua fachada. É claro que se trata de uma agressão à Constituição

Por: Reinaldo Azevedo  
Que bom que a gestão de Fernando Haddad, o fanfarrão das ciclofaixas esburacadas e potencialmente homicidas, está por pouco. Chegará, então, ao fim esse cruzamento malsucedido de Lênin com Jânio Quadros que governa a cidade há quase quatro anos. E não me perguntem qual seria o cruzamento bem-sucedido, por favor.
Por que escrevo isso? O doutor resolveu que a Fiesp não pode mais projetar em sua fachada a bandeira nacional porque isso feriria a Lei Cidade Limpa.
Um certo Lao Napolitano, da associação “A Cidade Precisa de Você” e estafeta do prefeito na Comissão de Proteção à Paisagem Urbana, explicou, com aquela vocação para membro do Soviete de Haddad, por que a Fiesp não pode mais exibir o símbolo nacional: “A bandeira pode ser colocada, mas se houver um contexto. Da maneira como está sendo usada, é com cunho político”.
Publicidade
Ah, entendi!
E quanto não é? Fosse exibida no Sete de Setembro ou no 15 de Novembro, não haveria igualmente “cunho político”? Ou tal cunho não pode existir só quando é contra o PT?
Curioso, não? Os mesmos petistas que querem proibir a bandeira nacional na Fiesp tramam a volta da publicidade às bancas dos jornais — e, nesse caso, não se fala em Cidade Limpa. Aliás, que o Ministério Público fique atento: isso tem cheiro de instrumento que servirá para lavar dinheiro sujo de campanha. Não se trata de uma denúncia, mas de uma desconfiança.
Não é a primeira vez que a Prefeitura enrosca com manifestações que não são do campo ideológico do prefeito. A Fiesp já foi proibida de projetar em sua fachada “Fora, Dilma” e “Impeachment já”.
Não só. A turminha do Haddad também já quis proibir o Pixuleco na Paulista. O pretexto? O mesmo: fere a Lei Cidade Limpa.
Como todos sabem, a Paulista é palco constante de manifestações. Recorram ao Google Imagens e procurem as fotos das passeatas e protestos contra o impeachment e denunciando o tal golpe. Lá estão os bonecos fazendo caricatura “da direita” e os infalíveis e gigantescos balões infláveis da CUT. Quantas vezes os aliados de Haddad foram importunados?
No caso da bandeira nacional, nem quero me perder nessa rinha. Confundir a exposição de um símbolo nacional com propaganda de qualquer natureza fere o Artigo 5º da Constituição. É simples assim. A Fiesp tem de ser didática com o senhor prefeito e recorrer ao Supremo para que o Ditador Municipal saiba que ainda existem juízes em Brasília. E é STF mesmo! Sem escalas. Estamos tratando aqui da violação de um princípio fundamental da Constituição, que é cláusula pétrea.
Vejam que coisa! Em 1989, no caso conhecido como “Texas vs. Johnson, 491 U.S. 397”, a Suprema Corte Americana decidiu, por 5 votos a 4, que não é crime queimar a bandeira dos EUA.
No pedaço de Banânia governado por Haddad, já nem se cuida de saber se é crime ou não queimar a bandeira. O Pequeno Ditador quer transformar em crime exibir a bandeira.
E seu Leporello, que atende pelo nome de Lao Napolitano, reivindica a prerrogativa de dizer quando é e quando não é lícito exibi-la.
Supremo neles, Fiesp!

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Afastamento de Cunha provoca novas discussões... / Políbio Braga

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Liminar de Teori poderá ser examinada esta tarde pelo STF

Não há um só dispositivo legal que autorize a decisão tomada por Zavascki. 

A liminar do ministro Teori Zavascki que resultou no afastamento do deputado Eduardo Cunha, poderá ser examinada pelo plenário do STF, que esta tarde examinará assunto semelhante, já que os ministros já tinham sessão marcada para decidir sobre ação protocolada pela Rede, Partido de Marina Silva. Neste caso, a Rede pediu apenas que Cunha não possa assumir a presidência da República.

Teori usou outra ação, esta da PGR.

CLIQUE AQUI para ler análise do jornalista Reinaldo Azevedo sobre o caso da Rede.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Dilma estaria copiando Nero dos tempos de Roma?


Dilma destrambelhou de vez; será preciso depois passar um pente-fino nesses dias

Presidente estaria pensando em decretar um reajuste do Bolsa Família antes ainda de ser afastada

Por: Reinaldo Azevedo  
A presidente Dilma Rousseff está completamente destrambelhada. E, como se sabe, também anda muito mal cercada. Sozinha, já comete desatinos em penca. Com um bando à sua volta estimulando-a a botar fogo no circo, vocês imaginem…
Pode parecer incrível, mas é verdade. Nas quase duas semanas que lhe restam à frente da Presidência, ela estaria pensando em elevar o valor do Bolsa Família, que ficou congelado no ano passado. O último reajuste se deu em 2014… Pouco antes das eleições presidenciais!
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Agora, a mulher cogita tirar de Temer a possibilidade de ele próprio optar pelo reajuste depois de saber como estão as contas. Faz parte da política de terra arrasada. Afinal, os companheiros já deixaram claro que não vão reconhecer o novo governo.
É claro que, se o aumento for concedido, concedido está, e não há como revisá-lo. O próprio Temer falou em corrigir os benefícios pagos.
Outras áreas
Nas outras áreas, no entanto, será o caso de passar um pente-fino para ver quais armadilhas estão sendo criadas. E, se for o caso, será preciso desarmá-las.
O Diário Oficial de ontem trouxe, por exemplo, portarias declaratórias das terras indígenas Sissaíma e Murutinga/Tracajá, ambas no Amazonas. A publicação diz que as terras são de posse permanente do grupo indígena mura. O Ministério da Justiça afirma ainda que a Terra Indígena Riozinho pertence aos índios kokama e tikuna.
É obvio que Dilma deveria pôr fim a esse furor de “governar enquanto é tempo”. Mas ela não vai. Ou não teria feito o discurso destrambelhado que fez nesta quarta, na abertura da 12ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos.
Lá estava ela a dizer que seus adversários estão rasgando a Constituição. A única a fazê-lo, convenham, é a própria Dilma. Ou não é ela que chama de golpe um dispositivo constitucional? Ou não é ela que nega que um atentando à Lei Fiscal é crime de responsabilidade, conforme está na Carta?
À medida que a hora de sair se aproxima, parece que a mulher vai perdendo o juízo. Agora ela debate com a sua turma a possibilidade de, na condição de presidente afastada, correr o mundo para denunciar o suposto golpe no Brasil. Se o fizer, mesmo na condição de presidente afastada, estará cometendo outro crime de responsabilidade.
Pois é… Ao assumir a Presidência, é bom Temer mandar passar um pente-fino nos atos presidenciais. Dilma já não pensa mais. Agora é o ódio que fala por ela. Não será aquele monte de aloprados à sua volta a lhe devolver o juízo, não é mesmo?

sexta-feira, 25 de março de 2016

"A irresponsabilidade de Dilma Rousseff e de Lula nessa reta final do governo é assombrosa.." / Reinaldo Azevedo

Dilma na cerimônia do adeus - REINALDO AZEVEDO

Folha de SP - 25/03

A irresponsabilidade de Dilma Rousseff e de Lula nessa reta final do governo é assombrosa. Tanto a dupla como o establishment petista sabem que nada mais pode ser feito. Acabou mesmo! Eles se dedicam agora é a criar uma narrativa da partida que possa manter reunido ao menos um pedaço da militância.

Quando a presidente, seu antecessor e a cúpula petista gritam "golpe!", já não falam mais para o conjunto dos brasileiros. É um discurso voltado para os fiéis, para a militância. Criar uma mitologia da derrota, para os tempos de deserto, é tão importante como criar uma da vitória para os tempos de bonança.

O PT está deixando o poder, mas pretende voltar. Para que possa se reorganizar, terá de encolher; de buscar as suas origens; de resgatar a mística do confronto de classes; de excitar, como nos tempos primitivos, não o desejo de consumo das massas, mas o ressentimento dos oprimidos. Lula não quer deixar o poder como um ladrão, mas como um excluído.

Será o patriarca banido da Terra Prometida depois de tê-la conquistado. Viverá de contar histórias e de excitar a imaginação dos mais moços. O PT, como o conhecemos, está morto, mas não a mística intelectualmente vigarista da redenção dos oprimidos que o embala. Esta é um dado permanente na história.

Até um novo barbudo já veio à luz para divulgar "a palavra". O Lula renascido é Guilherme Boulos. Consoante com os tempos da nova esquerda, ele não vem do chão de fábrica, mas dessas milícias supostamente benignas a que chamam "movimentos sociais".

Achando que um é pouco, o rapaz comanda dois movimentos: o MTST e a Frente Povo Sem Medo. Deveria logo abrir uma incubadora de produtos ideológicos do gênero. Se houver impeachment, o novo profeta promete "incendiar o país". Dito de outro modo: se o Congresso não vota como quer Boulos, ele não reconhece o resultado.

Lula nasceu para a política quando a esquerda foi levada a aderir à "democracia como um valor universal", para citar um texto de 1979, de Carlos Nelson Coutinho. Boulos será o líder de um período partidário em que a tolerância perderá até seu valor instrumental. Sem violência, ele está convicto, não haverá redenção. Sai Coutinho do altar, entra um delinquente intelectual como Slavoj Zizek.

Não se descarte, anotem aí, a criação de uma nova sigla que funda o que restar de PT, PSOL, PSTU e outras excrescências mais à esquerda. Como no começo.

A certeza de que o impeachment virá e a necessidade de organizar a resistência com os apaniguados expulsos do paraíso levam Dilma e Lula a anunciar país e mundo afora que um golpe está em curso no Brasil.

Fora do ministério, ele apenas exercita a retórica irresponsável de sempre, cada vez mais típica de um Lula que se mostra uma farsa de si mesmo. Ela, no entanto, se o que está na Constituição é para valer, está incorrendo em novo crime de responsabilidade ao acusar, na prática, o Supremo Tribunal Federal, que votou o rito do impeachment, de fazer parte de uma arquitetura golpista.

Não se descarte, ainda, que alguns cadáveres possam integrar essa narrativa da partida. Eles sempre estão no imaginário delirante e essencialmente criminoso das esquerdas. Ora, o que são alguns mortos quando o que está em jogo é a salvação da humanidade –e algumas contas secretas na Suíça?

sexta-feira, 11 de março de 2016

"Com saudade do futuro" / Reinaldo Azevedo

sexta-feira, março 11, 2016

Resultado de imagem para imagem de mãos de despedidaNo domingo, com saudade do futuro -

REINALDO AZEVEDO

FOLHA DE SP - 11/03

Ninguém mais duvida de que já acabou. O governo Dilma chegou ao fim. Hoje, convenham, para fingir que ainda existe, depende apenas do PMDB. Se o partido desembarcar em bloco, a causa está encerrada. E nem precisa haver rompimento formal. Basta que a legenda declare a sua independência.

E aqui cabe uma pergunta muito objetiva aos peemedebistas: se até o PT, sem saída, já caiu fora, por que serão vocês a segurar a alça do caixão? Em nome de quê?

Mesmo as metáforas se cansaram da presidente e fugiram. Esperava-se estrondo, não veio nem suspiro. As coisas foram escorrendo, assim, pelo ralo, preguiçosa e fatalmente. Dilma não nos inspira nem discursos condoreiros. Sua incompetência pastosa não serve nem para animar discurso de resistência. Ela empobrece até a retórica dos adversários.

Neste domingo, muitos milhares sairão às ruas pedindo o seu impeachment. A indignação com a máquina cleptocrata é grande, claro! Mas o sentimento mais perceptível é de enfaro. Essa senhora nunca teve nada a dizer.

Na sexta-feira passada, logo depois da condução coercitiva, Lula ainda nos ameaçou a todos com a ira da jararaca ferida no rabo, desafiando a que se lhe esmaguem a cabeça. Será esmagada, não duvidem. Mas o ponto que me interessa aqui nem é esse.

Seu discurso encantou a alguns cronistas políticos, os da minha idade ou mais velhos. Eu mesmo destaquei, em meu blog, sua habilidade retórica; sua fala organizada; sua capacidade de transformar a luta de classes num jogo de truco de botequim; seu dom narrativo que faz Marisa Letícia usar um decanter como se fosse um vaso; sua notável habilidade em exibir todas as suspeitas que há contra si como trunfos, sem responder a nenhuma –até porque respostas não há.

Quase fiquei, leitor, confesso, com saudade de Lula; do tempo em que eu tinha mais cabelo; da minha barba mais preta; dos meus leitores em número muito menor; das minhas reservas ao petismo, exibidas como um traço que alguns queriam esquizoide, já que tantos à minha volta anteviam amanhãs sorridentes onde eu só percebia falência moral e espancamento da lógica. Nota: eu não resistia por heroísmo. Como o artista da fome, de Kafka, era o que eu sabia fazer.
Na sexta, tive, admito, certa nostalgia do tempo em que Lula exibia um pouco mais de vigor; dos dias em que seu arranca-rabo de classes era ao menos legitimado pela ignorância de causa; daqueles anos, ainda precoces, das minhas contraposições ao petismo, com sua incrível capacidade de vulgarizar não apenas a história e a trajetória dos adversários, mas de rebaixar os desígnios pregressos da própria esquerda.

Fiquei com vontade de combater um Lula que fosse algo mais que um decrépito contador de histórias de um passado que ele reescreveu para justificar seu presente miserável. Quase gritei, irritado, diante da TV: "Deem-me um líder que ainda consiga levar porrada! Esse não serve!".

E já não havia Lula nenhum. Olhei ao redor, pensei nos seus teóricos e justificadores, e tudo era mediocridade e irrelevância. Quase fiquei triste, quase fui tomado pela acídia, que, em Santo Agostinho, se não me engano, é definida como "entristecer-se do bem divino", dada a pequenez dos anseios humanos...

Mas depois me animei. Como o garotinho do filme "O Sexto Sentido", cansei de "ver gente morta o tempo todo".

Eu vou para a rua no domingo. Estou é com saudade do futuro.