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sábado, 27 de junho de 2015

É bom conhecer um pouco de Neuro Linguística para suportar os políticos brasileiros... / Época

http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2015/06/os-tipos-da-politica-brasileira-segundo-linguagem-corporal.html


IDEIAS


Os tipos da política brasileira segundo a linguagem corporal


O tímido, o inseguro, o atrevido... Expressões faciais e pequenos gestos podem revelar personalidades, verdades e mentiras

RODRIGO CAPELO
24/06/2015 - 08h00 - Atualizado 24/06/2015 14h51



Em Lie to Me, série que se inspirou no trabalho do renomado psicólogo Paul Ekman, especializado em emoções humanas, o protagonista é um investigador que consegue dizer se tal acusado realmente cometeu o crime somente ao notar, na face e nos gestos dele, padrões que apontem verdades, mentiras e sentimentos. É um exagero típico da televisão americana, claro, mas levanta uma hipótese que faria qualque brasileiro festejar: o que seria do político se houvesse alguém que analisasse suas expressões e gestos e descobrisse o que ele realmente pensa sobre o que diz?


É com esta ideia em mente que ÉPOCA consultou dois especialistas em linguagem corporal: Giovanni Mileo, com experiência em marketing político, e Paulo Sergio de Camargo, autor dos livrosLinguagem Corporal e Não Minta Para Mim! Psicologia da Mentira e Linguagem Corporal. Ambos assistiram a vídeos de uma dezena de políticos, anotaram padrões e os classificaram em nove tipos.


Que fique claro: para que esse estudo fosse conclusivo, científico, seriam necessárias muito mais horas de análise e muito mais vídeos de períodos mais abrangentes das carreiras desses políticos. O intuito, aqui, é mostrar que pequenos gestos, conscientes ou involuntários, podem reforçar o que o interlocutor fala ou podem revelar o que ele não gostaria que fosse revelado.


>> Leia também: O que Dilma Rousseff diz (sem querer) com gestos e caretas


Aécio Neves – O aflito


O senador tucano concorreu com Dilma Rousseff pela Presidência da República em 2014 e perdeu. Em 2015, tentou surfar na onda gerada por manifestações populares nas ruas para se notabilizar como principal nome da oposição ao PT. Uma dessas ocasiões ocorreu logo após os protestos de 15 de março, e nela especialistas notaram que há um Aécio Neves aflito por trás do opositor de discurso ferrenho.


Assim que começou a dizer que "é essencial que as oposições continuem reunidas" a jornalistas (0:05 do vídeo abaixo), Aécio tem rugas na testa e entre as sobrancelhas, o que especialistas chamam de "ruga da dificuldade", ambos sinais de tensão. "Ele sabe que vai ser muito difícil manter as oposições reunidas", interpreta Camargo. Depois (0:32), os cantos da boca apontam para baixo, indício de tristeza. A face ao falar das pessoas que votaram nele para presidente (0:56) demonstra raiva contida. É um misto que leva a aflição.





O aflito: Aécio Neves, senador e presidente do PSDB (Foto: Reprodução / YouTube)


Eduardo Cunha – O chefe


Eduardo Cunha disputa eleições há 17 anos, hoje preside a Câmara dos Deputados e tem tamanha influência que foi comparado a Frank Underwood, o parlamentar fictício que manipulou adversários na série americana House of cards até virar presidente dos Estados Unidos. Seus gestos apontam na mesma direção. Quando foi voluntariamente à CPI da Petrobras para "prestar esclarecimentos" sobre as acusações de que fez parte do esquema de propinas na estatal, Cunha repetiu com as mãos o que dizia com as palavras. Ao afirmar que prestaria "todo e qualquer esclarecimento" (0:46 do vídeo abaixo), a mão dele avança sobre a mesa. Isso quer dizer: quero tomar posse deste território, quero ter iniciativa. A cabeça dele balança positivamente (1:02) quando diz que faz questão de comparecer ao plenário para ser "inquirido", sinal de que fala a verdade. Manter o cotovelo sobre a mesa e falar de lado demonstra convicção. Cunha confia no que diz e coloca a voz no tom exato, com pouquíssimas interrupções na fala e no raciocínio. Ele é o chefe.





O chefe: Eduardo Cunha (Foto: Reprodução / YouTube)






Joaquim Levy – O tímido


O ministro da Fazenda escolhido por Dilma Rousseff para tesourar as contas públicas e negociar o chamado ajuste fiscal com parlamentares demonstra, por meio de suas aparições públicas, que tem o que o cargo exige: humildade, confiança no que vai dizer, energia para trabalhar. Mas não é, como os demais à sua volta, um político de fato, por isso dá sinais de timidez.


A voz dele é monótona e faz poucas variações de entonação em meio a uma fala. Note no discurso da posse, já em 5 de janeiro, quando defendeu o "equilíbrio fiscal", que Levy coloca os ombros sobre a mesa e a mão esquerda sobre o antebraço direito (0:15 do vídeo abaixo). O primeiro gesto quer dizer: tenho confiança no que vou falar. O segundo: preciso me acalmar. O ministro está sob pressão no novo cargo, e isso fica evidente quando ele cruza os dedos (0:47).


O tímido: Joaquim Levy, ministro da Fazenda (Foto: Reprodução / YouTube)






José Eduardo Cardozo – O irritado


O ministro da Justiça foi colocado pela presidente para responder às manifestações populares de 15 de março, uma situação de extrema delicadeza para a equipe de Dilma. Com bom vocabulário, voz grave e fala precisa, Cardozo passa credibilidade a quem o ouve. Tanto que voltou a ser porta-voz do governo federal sobre protestos e corrupção em outras ocasiões. Mas detalhes revelam desconforto e raiva.


Alguns gestos são repetidos por Cardozo várias vezes durante o longo pronunciamento após os protestos. As mãos em formato de pinça reforçam a exatidão do que o ministro diz. A ruga entre as sobrancelhas revelam o estado de tensão. E há raiva contida. Quando diz que o governo ouvirá propostas seja de quem o defende, "seja de quem o critica" (6:15 do vídeo abaixo), ele ergue o queixo, o lábio esquerdo sobe, e os dentes cerram. São indícios de desprezo e raiva. Poucos antes (6:04), ele já tinha apontado com os dois dedos ao dizer que o governo apresentaria novas medidas e estaria "aberto ao diálogo". Isso revela o desejo de ganhar a discussão no grito.









O irritado: José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça (Foto: Reprodução / YouTube)






Aloizio Mercadante – O inseguro


O ministro-chefe da Casa Civil foi colocado por Dilma Rousseff para "intensificar" as negociações do ajuste fiscal no Congresso, uma tarefa nada grata. A missão era passar por parlamentares as MPs 664, 665 e 668 sem que as economias que o governo federal pretendia fazer fossem depenadas. Diante de jornalistas, Mercadante mostrou o que lhe é característico: voz grave, fala pausada, bom vocabulário. O que certos microgestos deixaram transparecer é que o petista, a julgar pela postura na ocasião, passar por momento de insegurança.


Logo no início (0:02 do vídeo abaixo), Mercadante acaricia as mãos. Faz isso para se acalmar. Olha de lado (0:06) e aparenta desconfiança. Depois, quando começa a falar efetivamente do ajuste fiscal (0:30), faz uma pausa, engole seco, indícios de que está em desacordo com as medidas que defende. Ele volta a engolir seco quando cita as três MPs (0:39). Outro sinal que aponta na mesma direção vem três minutos depois (3:50), quando arranha a própria mão. A sequência mostra que o petista não está nada à vontade.


O inseguro: Aloizio Mercadante, ministro-chefe da Casa Civil (Foto: Reprodução / YouTube)


Romário – O novato


O Romário senador tem muito mais experiência em gramado e praia do que em plenário, e ele deixa claro o nervosismo por enfrentar um novo desafio enquanto fala. Um sinal está no vídeo abaixo, em que o "baixinho" chacoalha as pernas ao comentar a prisão de José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). É o que especialistas chamam de "cadeira elétrica". Ele tem pressa, fala rápido, quer resolver tudo de uma vez. Calma, artilheiro.





O novato: Romário, senador (Foto: Reprodução / YouTube)






Fernando Collor – O locutor


Quem não o conhece e o ouve falar pode achar que Collor, ex-presidente, hoje senador, é locutor. A entonação da voz se parece com a de uma apresentador de jornal, com excelente leitura e paradas dramáticas para enfatizar certos trechos. Os microgestos vão na mesma linha. Ao criticar Rodrigo Janot, procurador-geral da República que investiga, entre outros casos, na Operação Lava Jato, Collor (7:09 do vídeo abaixo) faz uma pinça com a mão. Isso denota precisão. Ao mesmo tempo, durante todo o pronunciamento, tem rugas na testa e outros sinais de tensão. "Ele quer se controlar para não ultrapassar limites", explica Camargo. Como um radialista.


O jornalista: Fernando Collor, senador (Foto: Reprodução / YouTube)


Humberto Costa – O atrevido


O senador Humberto Costa, do PT, foi à tribuna em 30 de abril, logo após o massacre de professores no Paraná, para condenar a polícia paranaense – afinal, o governo do estado é do tucano Beto Richa. A performance do petista é peculiar dele. O movimento circular com a mão (1:09 no vídeo abaixo) enquanto falava que o caso havia rodado o mundo é pertinente. Especialistas elogiam quem confirma com gestos o que acaba de dizer. Ao falar da imprensa internacional (1:16), ele faz careta, um sinal do deprezo que quer conferir ao que fala.


O mais interessante vinha dez minutos depois, quando Aloysio Nunes (PSDB-SP) interrompeu o discurso de Costa para lhe fazer perguntas. O petista, que socava o ar enquanto criticava a ação da polícia, colocou as duas mãos sobre a tribuna e disse: "mas eu ouço com atenção uma voz que, acredito, vá tentar justificar o injustificável". Em seguida, enquanto Nunes começava a questioná-lo, Costa fazia uma carranca. Em silêncio, ele dizia: não me importo com o que você vai falar. A careta foi mantida durante a fala do opositor (15:17), modo de desprezá-lo durante um embate.


O atrevido: Humberto Costa, senador (Foto: Reprodução / YouTube)


Marta Suplicy – A gesticuladora


Se há alguém na política brasileira que sabe usar bem as mãos enquanto discursa, este alguém é Marta Suplicy. A ex-petista, ao defender cotas para mulheres no Congresso, gesticula no mesmo sentido o que fala. Quando quis demonstrar exatidão, no trecho sobre os 10% que as mulheres ocupam no parlamento brasileiro (2:06 do vídeo abaixo), ela fez uma pinça com os dedos. Quando fala no voto em lista (3:20), faz uma coluna com as mãos no ar. Depois, ao dizer que mulheres têm "percepção" e "sensibilidade", Marta abre os dedos, estica as mãos e faz um movimento à frente (4:41). Isso diz implicitamente: eu quero que minhas ideias entrem em você, quero que as internalize. "A Marta faz bom uso das mãos enquanto discursa. A voz é que não tem variação como deveria", diz Camargo.





A gesticuladora: Marta Suplicy, senadora (Foto: Reprodução / YouTube)



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