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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Quadrilha vendeu dados de ministro, senador e prefeitos - Brasil - Notícia - VEJA.com

A capacidade criminal  da quadrilha que penetrou na  Secretaria da Presidência  em São Paulo era extraordinária e conseguiu muitos milhões de  reais com ações ilícitas

Quadrilha vendeu dados de ministro, senador e prefeitos - Brasil - Notícia - VEJA.com

Operação Durkheim

Quadrilha vendeu dados de ministro, senador e prefeitos

Policiais federais e civis e funcionários de empresas de telefonia foram presos; vice-presidente da CBF aparece na investigação

Jean-Philip Struck e Davi Correia
Os presidentes da CBF, José Maria Marin, e da federação paulista, Marco Polo Del Nero, em audiência pública sobre a Copa de 2014, na Câmara, na semana passada
José Maria Marin, presidente da CBF, e seu vice e presidente da federação paulista, Marco Polo Del Nero. Nome do vice aparece em investigação da Polícia Federal. (Sérgio Lima/Folhapress)
Operação Durkheim, deflagrada pela Polícia Federal nesta segunda-feira e que resultou até o momento na prisão de 25 suspeitos, revelou a existência de uma quadrilha formada por policiais – federais, civis e militares – e funcionários de bancos e empresas telefônicas que negociou os dados financeiros e telefônicos de pelo menos 10.000 pessoas. Outros oito suspeitos ainda são procurados.
Pelo menos 180 vítimas foram identificadas. Entre elas estão um senador, um ministro, dois prefeitos, dois desembargadores, um banco, uma retransmissora de TV e inúmeros empresários, que tiveram seus dados violados. 
Segundo as investigações, os membros da quadrilha se apresentavam como detetives particulares, mas na realidade operavam um verdadeiro “atacado” de informações sigilosas, que incluíam extratos de telefone, informações bancárias e bancos de dados de órgãos policiais. 
PF/Divulgação
Dinheiro apreendido
Cédulas apreendidas pela PF durante operação
Durante a ação, a PF cumpriu 87 mandados de busca e apreensão, incluindo um na casa do presidente da Federação Paulista de Futebol e vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero .
Na manhã desta segunda-feira, agentes foram até a casa do cartola e apreenderam um computador e documentos. Del Nero chegou a ser levado para a superintendência da PF em São Paulo para ser ouvido, mas foi liberado em seguida. A PF não informou se o cartola foi ouvido na condição de suspeito ou vítima do esquema, nem se ele foi indiciado. 
Em nota enviada pela CBF na noite desta segunda-feira, Del Nero disse que seu nome foi envolvido na investigação porque ele contratou uma empresa de investigação para levantar a ficha de uma pessoa com quem pretendia fazer negócios.
O vice da entidade disse que localizou a empresa em uma busca na internet, sem saber que ela levantava os dados de maneira ilegal. Del Nero afirmou que esperava obter dados na "mais estrita legalidade". De acordo com vice da CBF, seu nome apareceu nas investigações quando essa empresa foi ligada aos suspeitos presos nesta segunda. 
Ainda segundo Del Nero, quando a empresa ofereceu dados que eram claramente ilegais, ele dispensou os arapongas. O vice, no entanto, não afirmou que tipo de negócio esperava fazer, disse apenas que eles não tinham relação com a CBF ou com seu escritório de advocacia.
Policiais –  Entre os presos em seis estados e no Distrito Federal, dez são policias – três federais; cinco civis e dois militares. Há também um gerente de banco e dez funcionários de empresas de telefonia. Nenhum nome foi divulgado.
Segundo a PF, funcionários de bancos e empresas telefônicas recebiam de 30 reais a 50 reais por extrato bancário ou telefônico de alvos apontados pela quadrilha. Depois, o núcleo que negociava com os “clientes” vendia esses dados por um valor superior, que poderia alcançar 300 reais. Os valores e o grande volume de informações negociadas, como se a quadrilha fosse um atacado da espionagem, deixaram os investigadores espantados. “Isso mostra uma grande banalização do direito de privacidade”, disse o delegado Valdemar Latence Neto. 
A PF afirma que os “clientes” interessados em conseguir dados sigilosos tinham interesses variados. Havia desde maridos traídos até empresas especializadas em espionagem industrial.
As investigações começaram em março de 2011, após o suicídio de um agente da polícia federal de Campinas. De acordo com a PF, a suspeita é de que o agente fazia parte do núcleo que negociava dados sigilosos. Por motivos ainda não esclarecidos, o agente se matou, em dezembro de 2010, mas, antes, indicou para o órgão como operava o grupo. "Nos parece que (se matar) foi uma maneira de preservar a família dos crimes", disse o delegado da PF Julio Cesar Baida Filho.
Os membros da quadrilha também usavam informações de bancos de dados de diferentes corporações policiais espalhadas pelo país. Segundo a PF, no entanto, não há evidências de que os suspeitos tenham chegado ao ponto de abrir investigações ou conseguido ordens judiciais com o objetivo exclusivo de abastecer a quadrilha com dados.  Entre cinco policiais civis presos, nenhum é delegado.  
Ao mesmo tempo em que investigava o grupo que negociava dados sigilosos, os investigadores da PF se depararam com outro grupo criminoso. Um dos suspeitos era ligado a um núcleo de doleiros, que enviava grandes somas de dinheiro ao exterior, por meio da modalidade paralela cabo-dólar. 
A suspeita é que o grupo, formado por mais sete subnúcleos de doleiros, tenha mandado mais de 30 milhões de reais ao exterior somente em 2012. A PF afirma que a verba remetida ilegalmente não envolvia recursos públicos, mas remessas de cidadãos e empresas. Ao menos cem contas ilegais em Hong Kong, na China, foram identificadas. A PF já solicitou o bloqueio de vinte delas. Ao desbaratar o grupo dos doleiros, a PF apreendeu 27 veículos de luxo e mais de 600 000 reais em dinheiro vivo.  
Ao todo, 67 pessoas suspeitas de participação nos grupos criminosos devem ser indiciadas por evasão de divisas, corrupção passiva e ativa, violação de sigilo e formação de quadrilha, entre outros crimes. 
Apesar da proximidade com a data de deflagração da Operação Porto Seguro - também conduzida pela PF paulista e que, na sexta-feira, desarticulou um grupo criminoso que se infiltrou até mesmo no escritório da Presidência da República - o órgão afirma que as duas investigações não estão relacionadas.

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