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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Todo prosa /// Sergio Rodrigues /// Rascunho


03/09/2012
 às 16:01 \ Primeira mãoVida literária

Entrevistas do ‘Rascunho’: o que é bom merece bis

RASCUNHO: Como você avalia a entrada do Paulo Coelho na Academia Brasileira de Letras?
CARLOS HEITOR CONY: Tendo uma vaga, qualquer um pode entrar. O Paulo Coelho namorava a Academia havia bastante tempo. É uma figura polêmica, sua literatura é muito questionada. Mas há uma coisa que não se pode negar: ele é um homem de letras. Ele escreve letras. Escreveu letras para o Raul Seixas. Nunca li nada dele, realmente. Mas ele tem um sucesso comercial muito grande. Está entrando na Rússia. Já vendeu dois milhões de livros no Japão. É impressionante isso. Shakespeare não vendeu, até hoje, dois milhões de exemplares no Japão. Há outra coisa: o Paulo Coelho é uma pessoa muito fina, muito educada. Não responde ninguém, não agride ninguém. Não se vangloria por vender tanto. É muito cavalheiro. Agora, há as evidências. No Salão do Livro em Paris, em março de 1998, a homenagem foi ao Brasil. Havia lá uma réplica do 14-bis, um busto do Machado de Assis. Foram mais de cem figuras da literatura nacional. O (Jacques) Chirac era o presidente, na época. E ele entrou, para inaugurar o Salão do Livro, de braço dado com o Paulo Coelho. Disse que queria prestar uma homenagem especial a ele, o autor de seus livros de cabeceira. Chirac era professor universitário, tem curso superior, foi presidente da França, não é exatamente um débil mental, não é uma macaca de auditório, e gosta dele. A mim, Paulo Coelho não diz nada. Tenho outra visão de mundo. Não acredito que o homem tenha solução. Mas a literatura dele tem um mercado muito grande. E ele entrou na Academia porque insistiu. Foi candidato duas vezes. Na primeira vez não entrou e na segunda conseguiu – em parte também por bobagem do concorrente. Se o (sociólogo) Hélio Jaguaribe fosse menos empoado, o Paulo Coelho não teria entrado. A Academia não pode votar em qualquer pessoa. Tem de votar naqueles que se inscrevem, naqueles que têm a humildade de se submeter a uma eleição.
O trecho acima é uma pequena amostra dos prazeres que aguardam o leitor interessado nos rumos da literatura brasileira contemporânea no recém-lançado “As melhores entrevistas do Rascunho – volume 2” (Arquipélago Editoral, organização de Luís Henrique Pellanda, R$ 39,00). Ao lado de Cony, a esperta mescla geracional que informa a lista de escritores entrevistados pelo jornal mensal curitibano inclui Adriana Lunardi, Ariano Suassuna, Joca Reiners Terron, Marçal Aquino, Raimundo Carrero, Rodrigo Lacerda, Silviano Santiago e muitos outros. (Entre estes, como manda o princípio da transparência que fique registrado, eu mesmo, numa conversa de 2009 a propósito do lançamento de “Elza, a garota”.)

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